Novo Ano

Primeiramente, gostaria de agradecer a todos que dedicaram um pouco de seu tempo a ler as minhas crônicas, no Recanto das Letras, durante o ano de 2011.

Não direi o velho chavão de todos os anos pois sei que todos querem ser felizes, prosperar e ser amados, com muita saúde.

Mas todos nos estamos, às vezes, tão perto da felicidade e não percebemos. Eu mesmo tive várias lições sobre felicidade.

Certa vez, quando ainda era maquinista das locomotivas da Cia Fepasa, estava no 1º dia do ano e viajando de volta para Campinas. Ao parar numa estação (Evangelina) para esperar o cruzamento com outra composição, peguei o meu caldeirão de almoço, que eu tinha preparado em Ribeirão Preto, e fui almoçar à sombra da locomotiva.

Quando estava no meio do almoço surgiu o Bagunça, um andarilho de linha, já nosso conhecido. Vinha cansado de tanto andar e me desejou um Feliz Ano Novo. Eu lhe perguntei onde ele iria almoçar. Diante de sua resposta eu lhe entreguei o meu caldeirão, que ele relutou em aceitar, me dizendo: “Você ainda vai andar muito até Campinas, e eu nada tenho o que fazer. Pode acreditar, entretanto, que eu sou muito feliz levando a vida que eu levo. Não tenho mágoas de ninguém. Onde deito durmo tranquilamente. Nada tenho de meu. Não penso no dia de amanhã. Alguns chefes de estação me deixam dormir na plataforma e às vezes me dão o que comer. Não desejo mal a ninguém. Também não aconselho outras pessoas a fazer o que eu faço, pois há uma infinidade de maneiras de ser feliz”.

Ainda hoje, passados tantos anos daquele episódio, me recordo do Bagunça.

Somos felizes e não sabemos.

Feliz Ano Novo

Laércio
Enviado por Laércio em 30/12/2011
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