Reflexões Ociosas

REFLEXÕES OCIOSAS

Frente ao mar o pensamento acompanha, preguiçosamente, o vai-e-vem das ondas.

À beira-mar é que se nota com maior nitidez que, se a sociedade humana é desigual, a Natureza desconhece diferenças.

O sol, que nasce igualmente para justos e injustos, nas areias da praia beija com o mesmo carinho corpos seminus belos e feios, sejam eles de homens ou mulheres, velhos ou moços, crianças, sem fazer nenhuma distinção.

A carícia da brisa marinha roça peles de todas as cores e idades.

O mar envolve em seu fresco abraço molhado a todos os que nele mergulham, ricos e pobres, religiosos e ateus. Só trata de modo diferente aos que o desafiam, a quem ele arrasta sem clemência nem perdão.

Há, porém, entre os homens, uma subespécie que, como se fosse cega, não enxerga o bailado verde-e-branco das ondas beijando a areia e, como se surda fosse, não ouve a melodia acariciante do marulhar. Pior ainda, esta subespécie não consegue nem perceber a carícia do sol e o frescor da brisa marinha tocando a pele, e nem sentir o perfume da maresia.

São aqueles que não têm vagar para contemplar a Natureza. Possuem os sentidos da visão, da audição, do tato, do olfato, mas não sabem usá-los a seu favor. Embora o mar se lhes ofereça em toda a sua beleza e esplendor, não o vêem. Não conseguem se deixar embalar pela suave música das ondas. Não se permitem ser beijados pelo sol, acariciados pela brisa, envolvidos pelo frescor do mar. Ali estão, mas não estão...

Sempre afoitos, presos aos celulares, encarcerados em seus negócios, correndo atrás de coisa nenhuma. Para eles, nada dos ricos prazeres simples da vida. Só têm tempo – quando o têm – para contemplar o próprio umbigo...

Lu Narbot
Enviado por Lu Narbot em 29/12/2011
Código do texto: T3413277
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.