PASSAGEM DE ANO - QUE VENHA 2013 – MAS O MEU PASSADO NUNCA PASSARÁ!

Lá, tudo começava quando as aulas se encerravam e a natureza dos gerais, exordialmente exalava o cheiro dos pequizeiros e imbuzeiros, com o sabor de terra molhada indicando que o final de ano já se aproximava. O cenário era bastante dinâmico! Na loja Coelho e na livraria dos padres, as vitrines já demonstravam claramente que o natal já estava próximo. Nas casas tradicionais, as árvores de natal eram confeccionadas e em outras eram as lapinhas que davam o tom colorido para o fim de ano.

Nas cozinhas, muitas ainda com fogões de lenha que jogavam tufos de fumaças pelas chaminés, das panelas exalavam o aroma dos pequis cozidos nas panelas de arroz e de feijão, misturados com a farofa de feijão verde e de andús, e também os jenipapos fervendo nas panelas para serem transformados em licor, completavam os perfumes das iguarias compostas de pernis assados e tudo mais.

O cenário da cidade e os seus personagens eram dinâmicos. A cada chegada do ônibus Badeco na agência, situada próxima da casa do Zé Dentista de um lado e de Tutes do outro, gerava uma expectativa gostosa do desembarque dos amigos e colegas procedentes de Goiânia e Brasília respectivamente. Outras vezes eram pessoas que iam com destino a outros lugares como Coribe, Cocos, Descoberto, Carinhanha, Bom Jesus da Lapa etc.

Havia também a expectativa da chegada do Ônibus Brandão, com a chegada de Saulo, Mirtinha, Beia, Marcos e Neto de Brasília; Vaninha de Salvador, Nem de São Paulo; Tia Nilza, João, Vivian, Maria, Crispim e Jonny de Montes Claros; Tia Elzinha, Tamirinho e Suzana de Belo Horizonte.

Às vezes, as expectativas vinham acompanhadas com muita chuva. Às vezes não. Mas a cidade vivia um clima maravilhoso: O clima de fim de ano. As pessoas das farras se preparavam para as festas no Dois de Julho ou Almasa. Tempos depois no Clube de Santa Maria, fundado por Bernardino e Weldom. Mais tarde a AABB, Associação Atlética do Banco do Brasil liderada pelos funcionários do Banco do Brasil.

Tudo se resumia em alegrias de fim de ano. No natal, festas e peças teatrais nas igrejas. Algumas casas às vezes já antecipavam as rezas das lapinhas. Mas era a passagem de ano o momento mais fantástico! A cidade vivia em todos os sentidos, o clima de virada de ano. Nas ruas e na praça do Jacaré, no bar Santa Clara, no ranchão da beira do corrente, no bar do Maninho, nas casas das pessoas, tudo se somava em um só resultado: A virada de ano. Muitas das vezes o almanaque Fontoura chegava com antecipação, e lá já tínhamos alguns folclores sobre o ano que chegaria, em breve.

Quando as ceias acabavam, os festeiros iam para os locais de festas, os mais religiosos, para as vigílias das igrejas, e alguns ficavam em casa a espera da virada do ano. E quando o relógio marcava meia noite, sem horário de verão, a Coelba desligava a luz por alguns segundos e ao retorno dela, as pessoas se confraternizavam com alegria e felicidade do fundo do coração de cada uma dela. Nos clubes, tocava-se, uma hora de músicas de carnaval após a chegada do novo ano. Era assim que o ano novo chegava e era comemorado em Santa Maria da Vitória. Chegava para nossas vidas com a alegria das músicas de carnaval, e, durante todo o dia primeiro, só se ouvia: Feliz Ano Novo! Que maravilha era aquilo. Eram visitas a toda hora nas casas; Iniciava – s e a finalização das festas de Santos Reis, o que culminava no dia seis de janeiro com os desmanches das árvores de natal e das lapinhas.

Não quero ser saudosista! Mas naquela época, mesmo em plena ditadura, nós sonhávamos em correr atrás dos nossos objetivos, e vivíamos, embora com dificuldades de momento em nossa história, dava para se sonhar e ter a certeza das realizações, pois o mundo era um pouco menos cruel do que o mundo de hoje. Havia mais amor e sinceridade nos olhares, em cada abraço e o desejo de feliz ano novo cheio de verdades. Hoje é mais uma formalidade, simplesmente isto!

Desejo a todos os recantistas, um feliz 2013 de coração e, aos amigos do correio eletrônico, para quem enviei esta mensagem ,um meu abraço especial, porque a maioria deles viveram muitas vezes esta minha passagem de ano, juntamente comigo. Alguns hoje já partiram, como, Dona Ruth, Dona Lindaura, Tio Jaime, Tia Elzinha,Dona Idalina, seu Terto, Dinha, Seu Nenzinho, Nem, Seu Adenor, Marcos, Dona Palu, Dona Deti, seu Joaquim pai de Bochecha, os colegas Rosi e Luizinho, Dona Nena, Dona Rosa, Dona Zifina,Dona Fidelcina, Mestre Guarany, Vó Afina e tantos outros. Pessoas que sempre estiveram presentes nos meus finais de ano. Também perdi em São Paulo, aquela que sempre fazia parte no meu pensamento nas passagens de ano em Santa Maria. Mas chegou um nova geração cheia de vitalidade e que está fazendo com que o ano de 2013 seja feito e afeito de muitas realizações. A vida continua e se renova a cada nascer do sol. Não só a cada chegada de ano. O final do ano encerra um ciclo e o começo inicia um outro ou a continuidade do anterior. Mas a dialética estará sempre presente, girando ,às vezes lentamente ou velozmente. Jamais podemos jogar no olvidamento da memória, aqueles que sempre prepararam a chegada de um novo ano. E que eles jamais deixarão de estar presentes nas nossas vidas, porque eles são parte integrante delas.

FELIZ PASSAGEM DE ANO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!