Em Fevereiro, Tem Carnaval

Bem, nos políticos estamos cansados de saber que não podemos acreditar. Ou confiar. Mas houve tempo em que tínhamos a ilusão de que na justiça sim. No entanto, o que tem acontecido por aqui nos causa calafrios. Quando constatamos que justiça e política se equivalem em termos de credibilidade diante da população. Isto é, não têm credibilidade alguma. E os magistrados ficam ainda furiosos quando uma autoridade do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) vem a público fazer advertências quanto à existência de “bandidos de toga”.

Será que ela exorbitou? Não é o que vemos agora, com o cidadão Jader Barbalho tomando posse, durante o recesso parlamentar, no cargo de senador? Por decisão a ele favorável do STF (Supremo Tribunal Federal)? Ele que havia sido barrado pela Lei da Ficha Limpa?

Como ficam os advogados que se formam e fazem seus juramentos diante de exemplos como esse? E os médicos, os engenheiros? Como ficam os delegados que prendem e eventualmente estão em condições de soltar, ainda que não tenham autoridade para tanto, indivíduos que podem comprar a sua liberdade? O que também não irão pensar os detetives da Polícia Civil, os oficiais e não oficiais da PM? Os gerentes de banco, ou os que trabalham apenas como “caixa”? Ou os próprios funcionários e recepcionistas das “Casas Salvador”?

Melhor comemorar o fim do ano, torcer para que o Ronaldinho fique no Flamengo (nem sei se vale à pena), procurar por um “tablet” de última geração e, o mais importante, não deixar de pagar em hipótese alguma a última prestação da fantasia da minha escola de samba para o desfile na Sapucaí em fevereiro. E deixar que o Brasil, por ser tão grande e rico, absorva todo esse incontável número de mazelas, falcatruas, desmandos e desmazelos eivados de injustiça social com que nos deparamos todos os dias. Porque, por ser tão rico e grande ele não irá se tornar pobre e pequeno de uma hora para outra (embora corra o risco de ser anexado no futuro). Em que pese o fato de o seu apreciável contingente populacional continuar em sua maioria vivendo mal, comendo mal, estudando mal, sendo mal tratado em hospitais públicos e esperando por uma Reforma Agrária há pelo menos 47 anos. Pra ter condições de morar menos mal.

Maricá, 28/12/2011

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 29/12/2011
Código do texto: T3411568
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