Vítimas do Câncer

Vítimas do Câncer

Mais uma vítima do câncer no cenário presidencial da América Latina. Parece até um estigma, uma maldição para quem ocupa o poder das nações desses tão sofridos países do terceiro mundo. Já ouvi e acredito ser verdade, que a incidência dessa doença tem uma relação direta com o estresse e o desgaste físico e emocional das pessoas. A maioria dos casos geralmente incide em pessoas que têm a amargura e a revolta dominando a sua vida, quando estão fora de sintonia com o mundo e se entregam à depressão. Ou quando os hábitos de uma vida saudável não são observados e a vida se torna uma aventura, um risco diário através de esforços físicos desmedidos e alimentação inadequada, uma tortura para o organismo. As conseqüências vêm sempre em forma de doença, sendo o câncer, a mais cruel de todas. Hoje ele já não é mais essencialmente um sinônimo de morte. Mas é um sinal de impotência, de fragilidade, uma armadilha para quem ele se estende como uma arma, pronta para disparar o tiro de misericórdia a qualquer hora, independentemente da idade, sexo ou status social. Ser portador dessa doença é o mesmo que ser seqüestrado da vida, onde o pedido de resgate vale-se apenas da esperança e da fé em Deus. Ser presidente de países como os nossos da América do Sul não é tarefa fácil. Acredito que qualquer um se sinta impotente, ao ter o poder nas mãos e não poder resolver tantas mazelas sociais e ter que se subjugar às injustiças e situações caóticas, conseqüências naturais de países democráticos, onde o jogo do poder interfere diretamente nas ações governamentais, impondo regras criadas pela teia de partidos, heranças funestas de uma corrente de privilégios, às quais os governantes tem que se submeter para alcançar o poder. Vemos todos os dias o cabo de guerra no Senado e na Câmara dos Deputados, uma orgia se organizando para constituir e destituir estruturas políticas de acordo com os interesses de seus partidos, deixando o governo refém da força que ainda é autoritária, mascarada pela democracia ainda recém-nascida do vente dessa República desvairada, que ainda privilegia apenas os grandes nesses países latinos. E como reféns, acredito que nenhum homem ou mulher consciente de sua vontade de mudar o quadro social do país que governa, conseguem dormir em paz com a sua consciência, presa entre os interesses da política e da politicagem. E como não existe nada mais eficiente para baixar a imunidade de um corpo, diplomático ou não, do que a fragilidade diante das injustiças que a gente vê todos os dias, não espanta que nossos chefes de nação sejam as vítimas da hora, prisioneiros dessa doença que corrói, na mesma intensidade da corrupção que nos destrói.

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 28/12/2011
Código do texto: T3411354