Ensaio sobre amor e desejos
Ocorreu-me algo hoje digno de ser contado para não se perder na 'eternitude' do tempo.
Novamente beijei a boca de Camila Conforto, depois fiquei com febre, `the fever lovers`. Por que acontece isso comigo? Quando eu estou perdidamente apaixonado por uma femea e acontece de transarmos e nos beijarmos fico assim: febril. Senti que sua vagina estava aquecida acima dos trinta e oito celcius, (meu falo fazendo a vez de termometro) oh, também ela com febre! Venus Febriculosa*.
Tudo bem, o sexo e tal ainda não houve entre nós. Então, retornarei à realidade, que foi até a parte do beijo na boca.
É precisamente o que lhes quero contar impacientes leitores, houve um avanço significativo: enquanto nos beijávamos, Camila pressionava a região de sua cintura - que por certo englobava seus órgãos sexuais, quais são mesmo? vejamos: trompas de falópio, ovários, úteros, vulva, o monte de venus...(perdoem-me, isso é desnecessário, mas tenham em mente que quem escreve, intenta em fazer um ensaio) em mim a mesma região correspondente aos órgãos sexuais masculinos, quais são mesmo? Brincadeira.
Certamente que o fim de seu namoro e aparentemente estar a quatro meses sem uma trepada eram as razões pelo seu roçar de corpo no meu. Seu toque, seu resvalar de mãos, mesmo agora com a mente embotada por uma vigília iniciada ontem pela manhã e que se estende até esta hora que escrevo, estão me matando - recordo-me (desculpem-me o tom narrativo-terapeutico, utilizando o repetido recurso do `recordo-me de...`) que seus dedos longilíneos e brancos, com unhas perfeitamente feitas, sem esmaltes coloridos, tocavam minhas costelas e uns ossos que ficam debaixo da musculatura do peitoral, com as falanges do indicador e do médio deslizando-me e me apertava com uma leve força, admirando meu corpo esguio (como é bom a corrida e os exercícios nestas horas!) isso me deixa em vantagem quanto a uma futura noite de sexo tórrido, cheio de amorzinho. Quem se importaria? Dormiríamos, eu de cueca com o pau recolhido, o sono dos gladiadores, ela, com a vagina escorrendo algumas miligramas de meu semen, descendo lentamente como uma goteira em dias de sol, e este `escorrer`umedeceria sua perfumada calcinha rosa-clara...
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Outra cena: Lu (Luan) recebe o livro no amigo secreto do escritório - ambiente: uma das tres entradas do café Girondino da rua São Bento, uma mesa de madeira (ia dizer `madeira diferente` sendo `diferente`o único adjetivo que consegui extrair de meu vastíssimo repertório), tudo bem, vou insistir um pouco mais na descrição da mesa, almejando a precisão narrativa: a mesa estava envernizada e media uns dois metros quadrados, tinha uma fina listra preta pintada, formando um quadrado, o quadrado da própria mesa.
Minha Camila fazia fotos com uma máquina digital (não me perguntem de quantos megapixels), o livro que Lu (Luan) recebeu foi `Crime e Castigo`de Dostoiévski, imediatemente dei um suspiro afetado, demonstrando que conhecia de livros, elogiei o autor russo com entusiasmo de tiéte. Outros livros apareceram de dentro de embrulhos das livrarias: `1822` (capa vermelha), `As esganadas`de Jo Soares, minha Camilinha pedira este mesmo livro no amigo secreto de sua empresa. Toda sua roupa era elegante, uma saia cinza-escritório acinturada até a linha de seu umbigo (soube depois que durante anos fora espetado nele um piercing), uma blusinha branca com alças bem coladas ao tronco, óbvio que seus seios fortes e polpudos se destacavam e qualquer homem de olhar inquieto procurando quem desejar, se deteria na minha Camila.
Insisti para que saíssemos o quanto antes daquele Girondino e fossemos apressadamente à um beco do Centro ou à um canto do metro São Bento ou ao lado do Guanabara para nos beijar de língua e de lábios.
Havia um fator dificultante em meu desejo: suas antigas colegas de escritório que falavam todo tipo de assunto, distraindo eternamente minha doce terra encantada. Camila, com uma perseverança irritante, destacava o quanto sentia a falta de uma gorducha de rosto bonito, falastrona, fumante e de cabelos loiros.
Quanto à mim, causava admiração em suas colegas, pois sempre fui um `original`e nesta tarde trajava camisa social quadriculada azul-céu de verão bem justa ao corpo com gravata Jacquard, cultivando sempre minha barba cafajeste e meu jeito parvo e sedutor. Isso era tudo pessoal.
*forcei a barra para fazer uma citação de Nabokov, escritor russo pelo qual estou `absorto`.