Ensaio sobre mulheres - exercício
Minha pré-avaliação quanto às possíveis características físicas de Rosi (por algum acaso comecei a chama-la de "Neusa", tendo a sorte de ser corrigido antes de cometer qualquer gafe pelo porteiro do sindicato: “é Rosi Brito”) foi para usar um termo comum “razoável”, vejamos: aduzi que ela tinha entre trinta e cinco e quarenta anos, ok, na mosca “tenho trinta e oito” disse-me sorrindo e entrelaçando os dedos. Seus cabelos podem ter sido pintados, não reparei se havia tinta neles, eram negros e escorridos até a décima vertebra da espinha – recordo-me bem que eles eram constantemente mexidos e empurrados para atrás das orelhas, como quem faz charme, conectou seus olhos nos meus e por um instante (na minha mente sórdida) pareceu que me paquerava, mordia os lábios como se houvesse lembrado de um fato engraçado ou sensual.
Voltemos as características físicas: era morena, rosto de uma mulher paraense (ou quem sabe do Carajás ou Tapajós), um colar largo em volta do pescoço esbelto – pelos meus escrúpulos profissionais não olhei para seu derriére. Analisando a composição de todo o resto: face, sorriso, gestos, crescia em mim a convicção de que sua libido fervilhava entre seus joelhos.
Sei que meu charme low profile seduz, e às vezes repulsa na mesma medida da sedução – pelo comentário de que faria bikecross no Guarujá, pareceu-me um convite subliminar para uma transa. São estas minhas impressões, se são machistas você é quem diz.