Antes que as sensações do natal se acabem em nós...*


Estou sentindo ainda a presença em mim das sensações vividas neste último natal.
A alegria foi imensa, e tanta, que me espanta, surpreende, encanta!
Li uma crônica de Raimundo Palmeira, "DE REPENTE, É, OUTRA VEZ, NATAL!'
um irmão, poeta de Maceió, e certos pensamentos vieram aos borbotões dentro de mim...
Queria que este natal tivesse sido maravilhoso e belo, e pleno para todas as pessoas, conhecidas e desconhecidas por mim... Mas sei que talvez não tenha sido assim, embora saiba que a forma como encaro a vida é algo particular e por isso restrita! A felicidade existe, de uma forma distinta em cada ser...
Desejo, no entanto, que antes que as boas sensações vivenciadas se percam, diante da correria do dia a dia, ainda mais com a proximidade do final de ano, faça morada cativa nos corações e nas mentes do maior número de pessoas, e embora possam ser delicadas sementes, estejam fixas, enraizadas em cada ser, e assim frutifiquem...
A fraternidade em família, a dispensada para pessoas amigas, não deveria ser esquecida!
A união entre pessoas dispares, a comunhão de mentes e corações impares, deveria ser uma lição aprendida, e estendida á comunidade, á coletividade!
Natal é uma festa de renovação e de esperança!
E quantos não necessitam sentir esperança?
E quantos não carecem de renovar-se?
Tudo parte do individuo á coletividade... E assim, é mister que cada um de nós faça o nosso melhor, visando o bem para nós mesmos, e para as pessoas próximas, para depois com naturalidade expandir-se á coletividade!
É para mim inevitável pensar em Epicuro, e que deveríamos viver com o que realmente necessitamos, e não com esbanjamentos vários, pois para ele a felicidade não reside no esbanjamento de coisas e dons...
Como seria bom se cada individuo tivesse o seu quinhão de bens materiais, que suprissem suas necessidades, e que todos soubessem viver assim deste modo, ajustados á esta filosofia de vida!
Fico imaginando como pode pessoas de poder e influência, viverem nababescamente, ás custas de tantas outras na penúria e na miséria...
Como pode poucas pessoas viver endinheiradas, enquanto tantos outros contam trocados, para a compra do pão de cada dia... É verdade que não são todos que vivem assim na usura, e não são todos que gastam os seus tostões para a compra de um pão...
Quanto não deveria ainda ser feito?
Quantas esperanças já nascem nati-mortas?
Quantas renovações não são necessárias?
Meu pensamento toca Santo Agostinho, que nos diz que a maldade é falta, impureza, estritamente humana, não é imanada de Deus... O natal não é a comemoração do nascimento do Filho de Deus que se fez carne?
E a maioria de nós, será que nota este aspecto divino e transcendental da comemoração natalina?
Fico pensando, que o que vivemos é fase, que passará um dia, com caráter cultural, social, sujeita á modismos e várias injunções mais...
Sei que existe um grande número de pessoas que trabalham pelo bem do próximo, animados por suas convicções positivas e esperançosas, mas é preciso mais, é preciso que se faça agora, uma renovação, uma revolução de conceitos e praticas, tanto individuais quanto comunitárias.
Sei que modelos econômicos, postulados de políticas públicas não mudam de uma hora para outra, e assim proponho uma ação inicialmente individual com vistas ao bem...
Parte de cada um a iniciativa para as mudanças de paradigmas!
Assim, meu pensamento vai se cristalizando, e com certa preocupação me pergunto: Tenho feito a minha parte?
Imagino que se as pessoas de meu circulo de atuação estão bem, tenho feito a minha parte, se não estão bem, não tenho agido de acordo... Embora cada uma delas tenha a sua cota de participação neste processo!
Fica ao final, no frigir dos ovos, que este foi um ótimo natal para mim, e que desejo que tenha sido também para outros... Minhas considerações tocam pontos discutíveis, polêmicos, que talvez não cheguem a bom termo nestes dias que correm, por causa de sua natureza; a caracterização de bem e de mal, ultrapassa a capacidade humana do momento!
Nietzche que o diga!
 
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
26/12/2011

* Ilustração de Nanci Laurino