Será em 2012?

     Todo final de ano eu acho que o próximo será o último! 
     Sim, previsões avassaladoras e catastróficas levam-me a admitir que o mundo vai mesmo acabar, no decorrer do novo ano.
     Caindo, porém, na real, chego à conclusão de que o mundo acaba, mas para quem morre. 
     Uma tese, aliás, defendida ardentemente pelo meu saudoso pai, um homem em cujo currículo constava apenas: alfabetizado.
     Há menos de uma semana, vi sendo cremado o cadáver da médica que ajudou meus dois filhos a nascer, liderando uma cesariana perfeita e comovente. Para ela, o mundo acabou.
     
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     Para não fugir a regra, em meio aos festejos deste fim de ano, velhas e novas previsões sobre o fim do mundo, quer dizer, o fim da Terra, voltaram a circular.
     Em 2012, nosso amado planeta será destruído e todos morreremos. Não haverá aquela de "salve-se quem puder". 
     Não haverá uma arca semelhante a de Noé. 
     Não restará pedra sobre pedra, como se costuma dizer, quando a catástrofe é definitiva e arrasadora.
     Foi o que acabei de ler em uma dessas revistas especializadas em hecatombes e matérias outras, com o firme propósito de anunciar o final dos tempos.

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     Numa crônica que escrevi em dezembro de 2005, teci ligeiras considerações sobre o que de ruim poderia acontecer com o mundo, inclusive o seu fim.
     Fi-lo, a partir do que lera no livro A Bíblia e seus segredos, do jornalista espanhol Juan Arias, tantas vezes por mim citado.
     Nos meus comentários, denunciei-me deveras temoroso e sumamente assustado.
     Recordando: um Código secreto, descoberto pelo matemático judeu Eliyahu Rips, diz o livro de Arias, "permitiria conhecer ou predizer o futuro".
     Além de outras catástrofes - terremotos, guerras, assassinatos - o Código secreto previa "a queda de três cometas gigantes sobre a Terra, em 2006, 2010 e 2012".
     Pensando como os antigos ( e bote antigo nisso), que pouco sabiam sobre os cometas, achei que a queda brusca desse astro, de cauda longa e cintilante, no dorso da Terra, a destruiria inapelavelmente.
     O cometa de 2006 não caiu; o de 2010 também não. Será que o de 2012 está a caminho?  Se ele desabar, só Deus sabe o que poderá  acontecer com o mundo. Ah, continuo pensando como os antigos.
     Fiquemos, pois, de olho no céu.

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     Sobre o fim do mundo, autores famosos também escrevem. Luis Fernando Veríssimo, no seu estilo leve e descontraído, comentou, na sua crônica de hoje, a previsão " de que o mundo vai acabar em 2012."
     O próximo Rèveillon, segundo ele, poderá ser a festa do "Último Fim de Ano". Eu reforçaria, dizendo: a festa da despedida.
Diante dessa perspectiva,Veríssimo aconselha o  leitor a fazer tudo o que ele "pensou em fazer mais foi detido pela moral, os bons costumes, o código civil e seu instinto de preservação".
     Exemplo: ..."dizer o que pensa de todas as pessoas que não gosta e declarar sua paixão por todos os seus amores secretos, sem temer o revide ou o desdém."
     Creio que, a rigor, este seu conselho, mormente na sua parte final, não será facilmente absorvido. 
     Ora, há pessoas que preferem nunca divulgar os "seus amores secretos". Acham mais sensato levá-los para a eternidade...
     Certamente farão estas perguntas: e se o mundo nunca acabar? Vale a pena quebrar o santo sigilo que, a vida toda, envolveu, preservou e alimentou o seu amor secreto?
     Té o próximo ano. 
     Voltarei se, claro, o mundo não acabar...
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 26/12/2011
Reeditado em 27/12/2011
Código do texto: T3407711