Lembrança de uma Noite de Natal

Nas minhas lembranças vejo um Natal, que nem em sonhos me visitam mais e confesso uma danadinha de saudade, do tanto que perdemos em cada movimento desta vida. Meus olhos desfilam pelas ruas das cidades, a procura de uma igreja aberta nas noites de Natal. São vinte e três horas, todas elas fechadas. Será que o galo sindicalizado passou a revindicar adicional noturno ou horas extras ou quem sabe um adicional de periculosidade devido as violencia das noites?

Mas se vê noite de farta comida e excesso de bebidas, como tenho visto na Sexta Feira da Paixão, ou seja, nascimento e morte do Maior de todos, hoje é motivo de bebidas em excesso, seguido de mortes de facas, de balas e trânsito e prisões.

Era linda a noite pré Natal, todos indo para a missa do galo e quando terminava, em cada casa uma oração de agradecimento, para em seguida fazer a tão esperada ceia de Natal com a família. Mas logo após o ato com a família, começava a via sacra dos vizinhos e parentes mais próximos para uma confraternização, como uma troca de visitas. Era noite de muita alegria e fartura mesmo, mas não se via os excessos com álcool, nem se conhecia ocorrências policiais nesta noite.

O que me encantava de encher os olhos, eram os presépios que as famílias se esmeravam para representar a cena do nascimento do Menino Jesus. Lembro-me do uso de pó de minério, que brilhava como estrelas do céu, o uso de musgo que se buscava nas nascentes próximas, a areia fina e branca, a vela acesa. Junto do presépio sempre um prato onde alguns recolhiam as doações de dinheiro, que seriam repassadas às igrejas do bairro. Aos poucos perdemos nossas tradições, que hoje na memória buscamos resgatar?

A árvore de Natal era feita de galhos que se buscavam na serrinha do bairro. Ficavam brancas de algodão enrolado nos galhos e algumas bolinhas penduradas. Junto dela os sapatos dos menores, para receber o tão sonhado presente imaginado durante todo o ano.

Naquele bairro criança sonhava pequeno e os presentes não excediam ao tamanho dos sapatos. Lembrança das bonecas moldadas em jornal, que não podiam ver água, os carrinhos minúsculos de plásticos ou feitos de madeira macia. Tudo era simples lá naquela cidade num cantinho de Minas, para aquelas pobres crianças de sonhos moderados, mas que vivia o deslumbramento da data.

Como não lembrar-se da farra da criançada para caçar o peru e ajudar as cozinheiras naquele processo de embebeda-lo com cachaça, pois rezava a crença, que sua carne ficaria mais macia. Que delicia era aquela carne assada no forno de fogão a lenha, um cheiro que deixava todos angustiados pela hora de comer um pedaço.

Era costume naquela época se criar porco nos quintais e sempre nesta data também podia se degustar um saboroso leitão a pururuca, ou o famoso lombo assado era guardado em meio ao toucinho frito, pois geladeira não existia. Era tudo muito simples, mas as pessoas se mostravam mais felizes, mas tudo se perdeu no tempo e nas modernidades do mundo globalizado.

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Em tempo agradeço a todos pelas mensagens de um Feliz Natal e que possamos seguir nesta linda sintonia em todo 2012.

Paz e felicidades a todos os amigos.

Toninho.

26/12/2011.

Toninhobira
Enviado por Toninhobira em 26/12/2011
Reeditado em 26/12/2011
Código do texto: T3407122
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