Pardais Liberados

Leio hoje nos jornais: “CONTRAN desobriga a instalação de placas próximas de radares”.

E sou levado a concluir: mais uma medida contra a população. Noticiada hoje como tendo sido tomada no apagar das luzes de 2011 e às vésperas das tradicionais festividades de fim-de-ano. Quando (é claro que pensaram nisso) é maior o deslocamento das pessoas para outras cidades e estados. Com o objetivo de proteger o motorista ou de tirar o dinheiro do seu bolso com pesadas multas?

Como sempre é alegada a preocupação do governo em “tentar diminuir a violência nas estradas”, como se a medida fosse provocar a redução do número de acidentes de trânsito. Na verdade trata-se de providência a carecer de certa eficácia, porque muitos radares ou “pardais” já são colocados atrás de postes, de passarelas sobre as vias, no meio da vegetação ou até mesmo em ladeiras, onde o motorista precisa naturalmente imprimir maior velocidade ao veículo. Trata-se de uma tentativa de esconder o dispositivo eletrônico para que o motorista seja surpreendido e acabe por cometer a infração. Cujo resultado será a multa que receberá tranquilamente em sua residência. Pouco importando ao governo o grau de educação para o trânsito dos motoristas ou a possibilidade de que novas infrações possam ser cometidas. O que interessa, na verdade, é a arrecadação financeira que a verdadeira indústria de multas pode proporcionar aos órgãos governamentais.

Os governantes falam na necessidade de redução da violência nas estradas. Mas nela não incluem a eventualidade de o condutor do veículo ser vítima de assalto ou roubo por ser obrigado a transitar vagarosamente a altas horas da noite diante de um equipamento medidor de velocidade. Esquecem-se também de que a violência nas estradas está muito mais relacionada ao grau de conscientização/educação dos motoristas do que ao gasto que terão com o cometimento da infração. Isto é, não adiantarão os meios tecnológicos mais aperfeiçoados que existirem ou as multas mais pesadas que forem aplicadas se o condutor do veículo não souber exatamente que uso deva fazer do seu carro.

Mas com campanhas que tenham essa realidade por objetivo o Governo não se interessaria. É mais fácil punir impessoalmente, sem instruir, e sem quaisquer gastos adicionais. E melhor ainda arrecadar importantes somas cujo destino nunca se sabe verdadeiramente qual é.

Rio, 24/12/2011

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 25/12/2011
Código do texto: T3406378
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