RÁPIDAS LEMBRANÇAS
Estive lendo, no blog de Pádua Campos, uma crônica intitulada “Rápidas Lembranças”, cujo autor é João Bosco Leal, na qual ele fala de sua trajetória de vida, de como ela se deu, dos bons tempos, do que se fazia, das opções; enfim, o autor faz um percurso quase que comum a todos nós que somos de uma geração em que o tradicional, os velhos costumes e as boas intenções ainda imperavam no seio da sociedade (sem querer ofender a sociedade atual).
Através da leitura, percebemos a nostalgia com que o autor descreve os caminhos de uma infância marcada pelas coisas boas, num tempo em que estudar e brincar eram, de fato, o que uma criança fazia de melhor na sua tenra idade.
É claro que o autor enumerou as obrigações necessárias para que as brincadeiras fossem, realmente, a tônica do dia a dia de cada jovem daquela sua época. Nada diferente das obrigações gerais, mas determinavam, por exemplo, se ele podia – ir ou não – brincar com os demais meninos que tinham se saído bem, por exemplo, nas aulas da semana ou nas provas realizadas em suas escolas.
Na verdade, as horas destinadas aos deveres de casa, às lições obrigatórias de estudo e aos demais afazeres eram momentos em que não se cumpria essas tarefas só por obrigação. Eram momentos feitos com respeito aos conselhos recebidos dos mais velhos, principalmente, dos pais e/ou dos mestres que devotavam um bom espaço de tempo a guiarem os seus pupilos para um futuro melhor.
E cada um daqueles meninos sabia que deveria se aplicar para poder superar dificuldades e obstáculos, para conseguir alcançar os seus sonhos tão sonhados de olhos abertos. Então, aplicavam-se. Não desanimavam ou desapontavam (apenas um ou outro) os que confiavam neles. Desta forma, os próprios deveres cívicos se faziam presentes e se incorporavam aos estímulos, levando-os, naturalmente, a praticarem o exercício da cidadania em atividades voltadas para o cumprimento de atos que, mais tarde, serviriam para uma vida em sociedade bem melhor.
Assim, aliava-se o prazer das brincadeiras com o lema dos lobinhos e, depois, dos escoteiros, cada um, uma extensão do outro, mas que direcionavam o garoto e davam-lhe sentido patriótico, o orgulho de ser um servidor da comunidade, um respeitável pequeno cidadão.
Isso tudo era o suporte para a vida adulta. É claro que nem todos alcançavam os objetivos de uma carreira promissora, mas, acredito eu, a probabilidade de se conseguir era bem maior do que é agora. E, talvez, o segredo fosse, não sei, a normalidade das coisas. Nada feito com exagero ou pressão excessiva. Não podemos negar que os deveres eram impostos, mas eles vinham atrelados aos direitos incondicionais de liberdade de uma criança de poder brincar, divertir-se, usufruir de sua infância, ter sonhos, ser inocente e, principalmente, não deixar de cumprir cada etapa de sua vida.
E, fazendo um paralelo com o mundo de hoje, percebemos que o mundo da criança mudou muito.
Os seus deveres são, de longe, fardos tão pesados que, mesmo que elas queiram usufruir de seus direitos, às vezes, não lhes sobra tempo para exercê-los.
O mundo atual não admite que se perca tempo com brincadeiras de bola de gude ou de faz de conta das casinhas de bonecas. Hoje é preciso que a criança já seja "adulta" aos 2 anos de idade: o seu tempo é absorvido pelas aulas de natação, de balé, de piano, de inglês, além das aulas de reforço e as opções da internet.
Esse modelo de educação ou estilo de vida que tem sido imposto às crianças, pressionando-as, privando-as de serem crianças, está levando alguns pais a refletirem e se sentirem culpados por não terem se dado conta disso bem antes do crescimento das mesmas e, assim, evitado que seus filhos pulassem etapas do viver e se transformassem em pequenos adultos. Vejam só!
É inútil tudo isso. Não precisamos transformar nossas crianças. Deixemos que elas cresçam sadias, convivendo entre elas. Não precisamos de uma sociedade carregada pelas mazelas da pós-modernidade, na qual o que prevalece, em todos os cantos, é o desejo de superar os outros.
Precisamos deixar que elas aprendam a se olharem nos olhos, a descobrirem o prazer que é mexer com a terra, subir num galho de árvore, tomar um banho de chuva...
Talvez, e somente talvez, não corrompamos mais ainda o futuro de quem olha para nós, hoje, e pergunta: papai, quando o senhor era criança, o senhor brincava de quê?
Por fim, precisamos é de uma sociedade em que os limites sejam obedecidos e o ser se torne a peça principal e que ele jamais se perca entre o ter e o poder de cada ambição desenhada nos que já nascem com inclinação para fazerem mal à natureza.
Obs. Imagem da WebEstive lendo, no blog de Pádua Campos, uma crônica intitulada “Rápidas Lembranças”, cujo autor é João Bosco Leal, na qual ele fala de sua trajetória de vida, de como ela se deu, dos bons tempos, do que se fazia, das opções; enfim, o autor faz um percurso quase que comum a todos nós que somos de uma geração em que o tradicional, os velhos costumes e as boas intenções ainda imperavam no seio da sociedade (sem querer ofender a sociedade atual).
Através da leitura, percebemos a nostalgia com que o autor descreve os caminhos de uma infância marcada pelas coisas boas, num tempo em que estudar e brincar eram, de fato, o que uma criança fazia de melhor na sua tenra idade.
É claro que o autor enumerou as obrigações necessárias para que as brincadeiras fossem, realmente, a tônica do dia a dia de cada jovem daquela sua época. Nada diferente das obrigações gerais, mas determinavam, por exemplo, se ele podia – ir ou não – brincar com os demais meninos que tinham se saído bem, por exemplo, nas aulas da semana ou nas provas realizadas em suas escolas.
Na verdade, as horas destinadas aos deveres de casa, às lições obrigatórias de estudo e aos demais afazeres eram momentos em que não se cumpria essas tarefas só por obrigação. Eram momentos feitos com respeito aos conselhos recebidos dos mais velhos, principalmente, dos pais e/ou dos mestres que devotavam um bom espaço de tempo a guiarem os seus pupilos para um futuro melhor.
E cada um daqueles meninos sabia que deveria se aplicar para poder superar dificuldades e obstáculos, para conseguir alcançar os seus sonhos tão sonhados de olhos abertos. Então, aplicavam-se. Não desanimavam ou desapontavam (apenas um ou outro) os que confiavam neles. Desta forma, os próprios deveres cívicos se faziam presentes e se incorporavam aos estímulos, levando-os, naturalmente, a praticarem o exercício da cidadania em atividades voltadas para o cumprimento de atos que, mais tarde, serviriam para uma vida em sociedade bem melhor.
Assim, aliava-se o prazer das brincadeiras com o lema dos lobinhos e, depois, dos escoteiros, cada um, uma extensão do outro, mas que direcionavam o garoto e davam-lhe sentido patriótico, o orgulho de ser um servidor da comunidade, um respeitável pequeno cidadão.
Isso tudo era o suporte para a vida adulta. É claro que nem todos alcançavam os objetivos de uma carreira promissora, mas, acredito eu, a probabilidade de se conseguir era bem maior do que é agora. E, talvez, o segredo fosse, não sei, a normalidade das coisas. Nada feito com exagero ou pressão excessiva. Não podemos negar que os deveres eram impostos, mas eles vinham atrelados aos direitos incondicionais de liberdade de uma criança de poder brincar, divertir-se, usufruir de sua infância, ter sonhos, ser inocente e, principalmente, não deixar de cumprir cada etapa de sua vida.
E, fazendo um paralelo com o mundo de hoje, percebemos que o mundo da criança mudou muito.
Os seus deveres são, de longe, fardos tão pesados que, mesmo que elas queiram usufruir de seus direitos, às vezes, não lhes sobra tempo para exercê-los.
O mundo atual não admite que se perca tempo com brincadeiras de bola de gude ou de faz de conta das casinhas de bonecas. Hoje é preciso que a criança já seja "adulta" aos 2 anos de idade: o seu tempo é absorvido pelas aulas de natação, de balé, de piano, de inglês, além das aulas de reforço e as opções da internet.
Esse modelo de educação ou estilo de vida que tem sido imposto às crianças, pressionando-as, privando-as de serem crianças, está levando alguns pais a refletirem e se sentirem culpados por não terem se dado conta disso bem antes do crescimento das mesmas e, assim, evitado que seus filhos pulassem etapas do viver e se transformassem em pequenos adultos. Vejam só!
É inútil tudo isso. Não precisamos transformar nossas crianças. Deixemos que elas cresçam sadias, convivendo entre elas. Não precisamos de uma sociedade carregada pelas mazelas da pós-modernidade, na qual o que prevalece, em todos os cantos, é o desejo de superar os outros.
Precisamos deixar que elas aprendam a se olharem nos olhos, a descobrirem o prazer que é mexer com a terra, subir num galho de árvore, tomar um banho de chuva...
Talvez, e somente talvez, não corrompamos mais ainda o futuro de quem olha para nós, hoje, e pergunta: papai, quando o senhor era criança, o senhor brincava de quê?
Por fim, precisamos é de uma sociedade em que os limites sejam obedecidos e o ser se torne a peça principal e que ele jamais se perca entre o ter e o poder de cada ambição desenhada nos que já nascem com inclinação para fazerem mal à natureza.