DÚVIDAS E PREOCUPAÇÕES

Levantei-me cedo, contrariando o costume, contudo precisava ir ao Detran e tendo conhecimento da enorme fila, pulei rapidamente da cama, para chegar cedo e evitar o aborrecimento de aguardar horas para ser atendido.

Assim que cheguei dei de cara com o Ferreira, amigo de priscas eras, ele demonstrando nervosismo, tirou uns papéis do bolso, entregou-me, e pediu-me para orientá-lo naquele assunto. Olhei os papéis e vi que se tratava de uma ordem judicial de penhora e remoção do seu caminhão.

Informei ao prezado amigo que não era ali, no DETRAN, que ele resolveria aquela pendência. Que seria por meio de um advogado, o qual deveria examinar o processo e ver o melhor caminho a ser tomado.

Ainda argumentávamos sobre o assunto, quando um senhor, que provavelmente escutou a nossa conversa, interferiu e indagou-me sobre como proceder para solucionar um problema com o carro de propriedade de sua filha. Narrou-me, que ela havia comprado um carro clonado, que havia sido aprendido e removido para o pátio do DETRAN.

Também informei ao dito senhor que ele deveria ajustar um advogado para examinar o inquérito ou processo que originou a apreensão do veículo.

Resolvi o meu problema no DETRAN e fui até o Café Galo conversar com os amigos, como sempre faço todas as manhãs.

Assim que cheguei encontrei-me com o amigo Deba, projetista da Telemig, em gozo de aposentadoria, merecidamente, diga-se de passagem, o qual, demonstrava enorme preocupação com a sua cadela de raça, que estava no cio.

Logo depois chegou o escritor Petrônio Braz, preocupado com a edição do seu mais novo “filho” “O Lexito Barranqueiro”, trazendo a boneca do livro debaixo do braço. Vi também, Luis Brejeiro preocupado com o ócio, que segundo ele, cansa muito; já Lili, mostrava-se preocupado com o calor causticante, pois pensava em almoçar arroz com pequi e costelinhas de porco.

Pouco depois encontrei-me com Jorge, Marco Paulo e Rui Pinto; aposentados que têm os “burros na sombra”, cuja preocupação maior era marcar um joguinho de buraco; coisa de “gente bem” e para quem pode.

Já o amigo Dener Krogger demonstrava muita preocupação com o assédio constante que tem sofrido por parte de uma ninfeta.(?) Segundo comentários alhures, trata-se de uma menina precoce, de atitudes sensuais e eróticas que fariam corar a Lolita de Nabocov. Línguas vitupéricas informam que a preocupação do “gostosão”, é o que fazer com a assediante.

Por outro lado, o escritor Itamaury Teles, mostrava-se preocupado em contestar o historiador José Mariani, que teima e bate o pé, em afirmar que o Marechal Lott, nasceu em Montes Claros.

Já o Manoelzinho queria apenas dissolver uma dúvida atroz; se alguém disser que gato preto dá azar é preconceito racial? Rapidamente o sisudo coronel Cléber, do alto da sua imponência, emendou e também consultou; queria saber se a gravidez da prostituta, no exercício de suas funções, caracteriza acidente de trabalho?

Por questão de princípio e respeito não respondi.

Lembrei-me de uma placa existente na cidade de Salvador-Ba.

"Cuidado, bêbados na pista." Parece piada, mas essa placa de "transito" bastante espirituosa existe. Está afixada em frente a um quiosque na praia de Itapuã.

O aviso aos motoristas que trafegam por ali mostra a preocupação do proprietário com os frequentadores do seu estabelecimento.

Pois é, todos nós temos sempre um probleminha ou uma preocupação; uns menores, outros maiores, todavia, ninguém escapa.

Os pensamentos de preocupação e de medo são forças terríveis dentro de nós mesmo. Envenenam a própria fonte da vida e destroem a harmonia e eficiência de agir, a vitalidade e o vigor; enquanto que, os pensamentos opostos de bom humor, alegria e coragem, acalmam em vez de irritar.