Registro de Ocorrência

(este é o texto da Apresentação do meu próximo

livro, ainda sem nome, a ser constituído apenas

de crônicas e talvez alguns pensamentos)

A natureza da crônica é o cotidiano. Aqueles assuntos que acabam assumindo uma relevância maior, dentre os de todos os dias. Claro que não duram exatamente um dia. Às vezes se estendem por mais tempo. Mas nunca por muito tempo. Acabam perdendo o viço. Por isso decidi datar os textos, embora ciente de que isso possa incomodar o leitor. Peço desculpas, se assim for.

A mídia, cada vez mais presente em nossas vidas, agora com a internet e, a partir delas, as chamadas redes sociais, parece que puxa a crônica. E quem se dá ao trabalho de escrever, agora muitas vezes diante do computador, sente-se tentado a tecer considerações sobre o que se passa, a opinar sobre o que nos chama a atenção no momento.

E sendo a natureza da crônica o cotidiano, praticamente todos os assuntos podem ser abordados. Crimes de morte, crimes de amor. O pavor, o trovão. Medo de andar de avião. O flerte da donzela. O beijo da ninfeta. Tudo será motivo para que tenhamos o que dizer. Ou que supostamente deva ser registrado.

Os assuntos vão se sucedendo a cada dia. Perto de nós, no mundo. A vida vai se alterando, embora aparentemente seja o mesmo o pano de fundo. Chegamos à pretensão de elaborarmos pensamentos, como os que já formulei: “a vida é um teatro: o cenário muda, mas o enredo é o mesmo”; ou então: “a modernidade é sempre uma atitude, mas nem sempre uma necessidade”.

“Tá vendo aquela mulher ali, meio cabisbaixa, talvez triste? O marido dela, um peão de obra, a deixou para viver com o Batata, o encarregado.” Pronto. Quer melhor assunto que esse para uma crônica? Por ser atual. Ou ainda chamar atenção. Mas será também atual daqui a 30 ou 40 anos? Pouco provável. Poderá ser então a época em que o heterossexual será tido como profano, tendo contra si todas as condenações ou críticas negativas de uma sociedade fundamentada no homossexualismo. Não será isso um motivo para mais uma crônica? Agora ambientada num tempo futuro?

Talvez, por tudo isso, a matéria essencial das crônicas sejam as transformações. Porque elas ocorrem a cada dia. Ou dentro das 24 horas. Quase como os telefones celulares, os aparelhos de TV, os micro-computadores, que mudam de modelo com uma frequência cada vez maior.

A construção de edifícios, pontes, viadutos também acontece hoje com velocidade cada vez maior. A alteração da paisagem ou da beleza natural de uma região pode nos causar tristeza. Ou nos trazer alegrias? Olha a crônica surgindo aí, com natureza até meio atemporal...

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 24/12/2011
Reeditado em 24/12/2011
Código do texto: T3404553
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.