UM  TROGLODITA  NA  COMUNICAÇÃO

 

 

Deram-me, com o cínico propósito de gozação, um telefone celular.  A razão, entenda-se, está na minha ojeriza por telefones.  Tenho-os usado, não há como.  A balbúrdia e os aborrecimentos no trânsito obrigam-me ficar recluso à chácara, logo, as consultas no comércio e os papos com os amigos, coisas que pouco tenho feito, são através deles.  O meu trabalho por mais de vinte anos na área das finanças públicas condicionou-me a não confiar em telefonemas,  decisões “ tête-à-tête” são mais seguras de confirmá-las e legitimá-las. Donde o pé atrás.

O dito aparelho presenteado contém uma série de recursos e meios os quais não me atrevo a fuçá-los.  Nele, a exemplo do computador, parece-me conter algo sagrado, “imexível”, para não suceder o que sucedeu: no computador, comecei por apertar tecla daqui, tecla dali e, em dado momento tudo sumia. Reverter como? Onde? Passo seguinte, no exercício da navegação, atrevi-me a abrir certas mensagens e só me dei conta quando a máquina estava epidêmica!... Vírus saíam pelo ladrão!  Lá se foram os meus arquivos de literatura, vídeos e tudo mais.

“Mas o Sr. não faz back up?”

“O que é isso? Ironizei com o técnico que formatava a máquina.

Ontem, o Nando me interrogou: “Pai, cadê o seu celular?... Te liguei e nada?”

Procurei em volta da mesa de trabalho e... “Deve estar por aí.”

“Vou ligar o número e ver...”  Disse-me.

Batata! O bichinho respondeu enfurnado numa gaveta próxima.

E eis que me falam em facebook, MSG, twiter, Ipod, Ipad, Iphone... Iqporra de “coiserada” é isso, gente?!!!

Agora me ameaçam no Natal .  Será um tal de “tablet” de 16 gigas de memória para usar em viagens. Enumeraram suas maravilhas, suas 1001 utilidades e o quanto ele poderá me ser útil. “Seja o que Deus quiser!”, protestam e se conformam os meus confusos neurônios!

 

A todo pessoal do RL e, em especial àqueles que tiveram a paciência e a camaradagem de ler os meus textos, um Natal repleto do verdadeiro espírito de alegria e fraternidade. Um feliz ano de 2012 a todos, e até janeiro se Deus assim o permitir.

                                                      Fernando Moura Vieira