Um brinde de presente para mim.

Hoje, 22 de dezembro de 2011, Russas amanheceu banhada por uma boa chuva de verão, que parece coisa de início de bom inverno, pois para nós cearenses só existe dois tipos de chuva, as de inverno e as de cajus que acontecem um pouco antes e durante a safra do dito fruto, que se dá em plena primavera. Hoje pela manhã, ao sair do quarto, voltei a sentir depois de um ano, o cheiro do mato seco junto com a terra molhada, e que bom é se ficar na expectativa, observando as mudanças, gosto muito disso. Sei, que em outras regiões as mudanças climáticas são notórias também, todavia para mim, nordestino, observo a coisa gritante, pois o mato da caatinga, de cinzento que está, começa agora a se apressar na mudança da vestimenta, e foi dito numa pesquisa desse pessoal da botânica, que em lugar nenhum do planeta existe vegetação igual a nossa. Além disso não posso esquecer que é final de ano, e o tempo é assim, ele passa por suas estações e não descansa, mas é também curioso que o verão oficialmente começou ontem. Este ano foi bom para mim, quisera que tivesse sido para todo mundo, ou seja para todas as pessoas como é o desejo de instituições cristãs que ao se iniciar um novo ano e ao se descrever antigos acontecimentos do passado, se referiam aos anos como anos bons e da graça. Mas eu dizia que o ano foi bom e se finda em breve, prá iniciar como sempre algo novo em nossa vida e na de todas as pessoas. Por ser otimista sempre alimento novos desejos. Muitas coisas são sepultadas e renascidas a cada ano, os inesperados estão pela estrada de quem insiste em caminhar ou pelo menos ainda pode fazê-lo enquanto vivo. No 2011 que se acaba, criei coragem e pus em ação muita coisa que eu pensei em fazer e ainda protelava. Existem coisas que vão ficando no “depois eu faço” esse depois eu faço, por enquanto só aceito quando estou ocupado com alguma coisa de igual ou maior importância. Estou numa que não admito a mim mesmo ficar à toa vendo o circo pegar fogo, ou mesmo de braços cruzados só planejando. Essa parte teórica dos acontecimentos eu costumo fazer enquanto estou aguardando o sono e se mistura com as minhas preces também ao acordar. Todos necessitam de lazer e eu não sou diferente, não vivo só para o trabalho. Às vezes me divirto e é muito só apreciando o que fiz, coisa de quem bole com arte e tem sempre algo de crítico e também de bajulador pelas próprias criações. Bem, mas vou dizer o que fiz, este ano refiz os arranjos e estilos de mais de trinta das minhas canções, as gravei e estão prontas num formato que não sei se definitivo mas, pelo menos estão num jeito bem prático para quando eu precisar ensaiar para uma boa apresentação. Também estou fazendo parte deste site maravilhoso que é o recanto das letras que foi e é o lugar onde, de uma forma bem ampla e melhor posso entrar em contato com inúmeros escritores e compositores. Penso que essas ferramentas do nosso tempo devem ser utilizadas da melhor maneira que a gente pode e deseja. Vou dizer agora coisas óbvias que todo mundo já sabe, é que os momentos e as oportunidades devem ser aproveitados, os contatos mantidos, e os trabalhos feitos. Quanto ao ócio, este faz parte da vida de todos nós, outros fantasmas como a depressão, o mau-humor, o cansaço , a chateação, as perdas, frustrações... deixo que eles me incomodem, mas não dou muita importância não, fazer o que? é a gente pensar que, assim como o tempo passa, as coisas passam tanto boas quanto más e a vida da gente está cheia de contratempos. Contratempo, palavra que em música quer dizer deslocamento natural das acentuações rítmicas, e para espanto meu, vejo-me agora descambando para o lado dos sons para explicar melhor as sacudidelas da vida. Em música, contratempo é o mesmo que síncope, e isso significa um empurrãozinho para o novo, um deslocamento para o inesperado, é mais ou menos com se sair de um asfalto bem plano e reto e se adentrar numa trilha cheia de buracos e curvas, para isso, ou seja para o principiante, se faz necessário mais atenção com o inesperado e certamente para os que andam apressados em tudo, essa não é a melhor opção. Porém com certeza para os amantes da natureza e da vida, para os que gostam de meditar, os bons observadores, isso se torna fácil de assimilar, e certamente que quem assim se comporta colherá maior compreensão e frutos de prazer. Diferente dos lamuriosos que ao serem detidos nos seus apressados propósitos, ficam sentados à margem da estrada chorando como quem espera a morte chegar. Não é esse o meu caso, pelo menos por agora. A única boa morte que aguardo mas sem lamentação e já com saudade é a deste velho 2011, que bonançoso hoje me brindou com uma reconfortante chuva de verão, quero dizer de inverno. Feliz final de vida 2011 e saiba que sou muito grato a você, contudo não posso nem ninguém pode evitar o nascimento do seu um novo e desejado sucessor.