COERÊNCIAS E INSANIDADES DE DEUS (E/OU DOS HOMENS)
Deus andava meio cansado. Depois de ter inventado tanta parafernália para equipar o mundo durante seis dias, o grande construtor estava exausto. No sétimo dia, quando não mais se aguentava de pé, tirou folga. Os utencílios criados para auxiliar as criaturas humanas ajudaram a causar-lhe mais aborrecimentos, dado o mau uso feito pelos humanos.
Muitos milênios depois, na tentativa de amenizar sua angústia, teve que construir uma escada pro céu e quebrar os pilares que conduziriam às profundezas do inferno.
Não deu certo: os homens, com os utencílios fornecidos que ele doara, reconstruiram os pilares do inferno e destruíram a escada da ascensão. Mas o homem não tendeu a descer. Permaneceu no mesmo patamar porque Deus abandonara o plano e não conseguia mais manter controle sobre as criaturas e seus utencílios.
Aí foi a criaura humana que lançou mão de sua criatividade para tirar proveito das ferramentas fornecidas pelo homem de barba longa: juntou o céu e o inferno para criar o paraiso onde anjos com tridentes e diabinhos com cântaros em plena harmonia suavisavam as desilusões oriundas das coerências e insanidades.