O Último dia de um Condenado (um título um tanto óbvio para um conto tão óbvio quanto...)

(Era uma segunda crível (ou talvez terça, perdoem este locutor que não mais se lembra de coisas que realmente não são importantes (e por vezes nem das que são)) e eu estava entediado (como é de se esperar), mas por incrível (ou crível novamente, só não sei se não uso a palavra por não ser aplicável, ou por tê-la dito logo de inicio, de qualquer forma você (leitor) decide (entre incrível e crível) supondo que tenha o significado na ponta dos olhos) que pareça não queria sair do tédio, me parecia bom, ser assim um tanto que vadio no mundo, deitado de pernas pro ar, olhando apenas para o céu da minha mente (isso porque não estava ao ar livre e não tinha o céu acima de mim (ter tinha, mas não logo acima, já que o teto me tampava a imagem do céu)), deixe-me explicar, não sou vadio, não sempre, em geral sou ocupado, tenho coisas para fazer, mas hoje aparentemente como na predição da música é o dia em que a terra parou, pois então tenho nada pra fazer, muitos me diriam que sou “ista”, mas não creio que seja assim (vou deixar claro, vivo para os outros, (não que viva a vida dos outros, mas vivo para mantê-los vivos) não que esteja reclamando, longe de mim, não reclamo não, é só que nasci por outrem, e morrerei por outrem) mas hoje aparentemente tenho o dia para mim, trabalho muito, é verdade, de cedo até tarde, mas não hoje, hoje não. Não estou sorrindo, nem chorando (entenda, por mais que algumas músicas digam ao contrário (e Frejat que me desculpe), sou homem, não choro não) só estou aqui, meio que não sentindo nada (mentira, estou sentindo uma dorzinha aguda, nada que não possa aguentar), estou deitado (como já disse, mas isso não vejo problemas em repetir, já que poderia ter me levantado (ou não)) na cama do meu conjugado, sinceramente não estou triste (pelo menos hoje eu percebo isso), mas também não estou feliz (veja bem, não me condene por usar um palavreado um tanto escroto e incompatível, com pouca concordância, te fazendo confuso sobre se estou no passado ou no futuro, é que não estou em nenhum deles, eu estou no presente mas sou passado que um dia será futuro) estou um tanto sem estar, é engraçado estar assim, é como comer um bolo ruim na casa de outra pessoa, você não quer falar nada, não quer parecer indelicado, e se obriga a engolir pedaço por pedaço, você se obriga a aceitar não estar, como se obriga a aceitar mais um pedaço de bolo, a questão é que se você esta se sentindo não estar (e sinto em lhe dizer isso amigo, pois se chegou até aqui tem coragem (ou é louco(como eu)) o suficiente para ser meu amigo) provavelmente vai ter o resto da vida de não estar, não que eu queira isso (por favor não me entenda mal) adoraria que você voltasse a ser feliz, mas acho difícil, depois que uma pessoa descobre como é não sentir ela quer isso ao máximo, pois apesar de ser desagradável traz uma paz de espirito tão grande que chega a arder (e coçar também, ou talvez eu esteja me coçando por outro motivo), é verdade que não estar, ou estar sem sentir é bom, e me sinto bem assim, é como se o mundo já não fosse mundo (nem nada mais) e eu não fosse eu, e isso é bom, é talvez deus tenha criado isso, para que pelo menos um dia da vida, nesse dia, desse paz a suas crias,

compreendo que você não entenda nada que eu digo, é de entendimento meu que sou confuso, e também sei que me calaram essa confusão por anos, para que não contestasse, aceitasse sem reclamar, não me julgue, não estou condenando-os, entendo que fizeram pelo bem de si próprios, são medrosos coitados, aliás acho que todos são “istas”, sinceramente, não julgo, não sou deus, mas para dizer a verdade também não sou religioso, era mentira (me perdoe mulher, não queria ter sido tão baixo e mentido em uma coisa de tanta importância para você) uma capa de proteção, acho só que as pessoas precisam acreditar em algo, e eu acredito que acreditar demais acaba por sucumbindo vidas dentro delas próprias (me obrigo a dizer novamente, não julgo quem acredita e também não quero que se sintam esbofeteados pelas minhas palavras), uma pessoa quando acredita demais em uma coisa se subverte a ele como o bambu ao vento, cede a ela como o grafite à borracha, e se torna fantoche de palavras que foram escritas por seres tão simples, fracos e sedentos(não espere que use todas as palavras em seus sentidos literais) quanto eles, me desculpe se sou um tanto extravagante nos meus dizeres, mas convenhamos, creio(de verdade, mas só um pouco) que hoje posso, hoje posso tudo, e se quer saber hoje tomarei do cálice e comerei do pão, pelo menos dos que trazerem na cama, pois levantar eu não levanto, e não vão me calar, ah não hoje, hoje não, que me perdoem a todos que importar, sou homem feito, e riscado já, se quer saber fui rascunhado e jogado ao mundo para ser, apenas isso ser, ninguém nunca me disse o que deveria ser, não que queira ceder à cólera, e me perdoem se acha que estou fazendo isso, não, não sou de me irritar, e em normal não soube blasonar também não, mas é que agora vejo, enxergo, que fui jogado ao mundo como rascunho para me completar, me pintar, me fazer personagem, sem nem ao menos me darem o roteiro, se quer saber, eu não sou culpado, não tenho culpa de ter fracassado, até a melhor peça não funciona sem roteiro se quer saber, mas sinceramente, o grande e real problema não foi a falta de roteiro, isso já foi terrível(que deus me desculpe) mas o pior foi nem ao menos terem dado um papel para escrevê-lo, queriam que eu entrasse no mundo sorrindo, mesmo sem saber o que me esperava, o que o mundo me preparava, como disse não tive culpa de ser fracasso, que me desculpem todos que se importam, mas eu não me importo, não mais,

até porque já sinto a dor aumentar, eu vou morrer aqui mesmo, deitado, ou então alguém virá na hora “h” e me entregarão remédio na bandeja de carne e osso, porque levantar eu não levanto não.)

Amanda França
Enviado por Amanda França em 22/12/2011
Código do texto: T3400884
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