Papai Noel e João tatuzão
Papai Noel presenteia João tatuzão
Jorge Linhaça
Nada deixa um escritor mais feliz do que ver que, por coincidência ou não, suas críticas acabam dando algum resultado.
Tenho criticado duramente ( e com toda a razão ) o pseudo-prefeito de Salvador, o sr. João Henrique pelo descaso com as ruas da cidade, em especial na cidade baixa.
Falei dias atrás sobre a resposta que recebi de um de seus funcionários contratados para tapar buracos com areia e cascalho sobre a falta de asfalto:
Asfalto? Só em 2014....foi a resposta que recebi.
Com a proximidade do natal , entretanto, parece que o bom velhinho, papai noel, resolveu presentear o prefeito com alguns baldes do pavimento derivado de petróleo. Assim sendo, ao menos algumas crateras próximas ao Hospital Agenor Paiva foram brindadas com o reparo há muito necessário.
Pena que Papai Noel devia estar com falta do produto que só tapou aqueles buracos, deixando abertos milhares de outros na mesma rua e suas imediações aqui na península.
Uma noite destas ao comprar uma pizza em um estabelecimento de um paulista, ele nem disse que era paulistano como eu, que morava aqui já há 45 anos e que Salvador é uma província. Na hora fiquei meio na dúvida se dava-lhe ou não razão mas, embora Salvador tenha locais lindíssimos, pessoas alegres e geralmente acolhedoras, não há como negar os ares de província desta capital, aliás a primeira Capital do Brasil.
Tudo aqui anda a passo de tartaruga, é impossivel encontrar alguns produtos se voce não bater meia cidade à sua procura.
Alguns nem assim:
Biscoitos Tostines ou Triunfo, pão ou bolo Pulmann, Seven Boys ou Panco
ninguém aqui nem sabe o que são, ao menos se levarmos em conta as informações dos funcionários dos mais variados supermercados.
Talharini da Miojo? Acham que é algum palavrão.
Fui ao cartório de registro civil pedir informações sobre casamento e depois de 15 minutos esperando apenas para pedir uma informação, após "invadir a sala de espera interior" sim isso mesmo, há uma sala de espera para entrar na outra sala de espera....acredite se quiser...fiquei observando a ligeireza com que as funcionárias executavam seu labor...creio que sua média de digitação era de incriveis 10 toques por minuto, entre os quais paravam para olhar atentamente os documentos sobre a mesa e a certidão digitada no computador.
Por Incrível que pareça, apesar dessa "ligeireza" toda, nesses quinze minutos de espera, surgiram duas pessoas para solicitar que corrigissem uma certidão de nascimento e outra de casamento emitidas dias antes por conterem erros de digitação.
Outra coisa que me chamou a atenção foi que aqui, ao contrário de São Paulo ( inclusíve Arandú, com seus 6 ou 7 mil habitantes) as certidões não são impressas em papel especial anti-falsificação e nem sequer ví algum sêlo de autenticidade nos mesmos...simplesmente digita-se no computador e imprimisse uma folha de sulfite.
Infelizmente isso não parece ser o mais atrasado da região, já cheguei a ver certidões de nascimento de poucos anos escritas `a mão.
Se isso não é ser provinciano não sei mais o que seria.
Mas voltando ao fato de minha ida, a funcionária me informou que não estão sendo realizados casamentos civis por que ainda estão esperando que marquem datas para o próximo ano.
Levando em conta que em Salvador 90% do povo "se ajunta", tal lapso temporal há de ser porque o Juiz de Paz deve ter emendado as festas de fim de ano com o Carnaval, ou coisa parecida.
Resta o casamento religioso com efeito Civil que felizmente, por não ser eu católico, posso realizar rapidamente e sem desembolsar de 5 a 50 mil reais em alguma igreja da moda em Salvador.
Nada contra Salvador, muito pelo contrário, mas sou Gregorista e por isso me sinto na obrigação de seguir os passos do" Boca do Inferno" e denunciar todo o atraso que sofre a população nesta terra abençoada com tanta beleza e tão desprezada pelos seus governantes.
Não é à toa que ACM é quase santo aqui, no seu tempo, ao que dizem, as coisas se faziam, se resolviam, não se empurravam com a barriga.
Se é verdade ou não eu não sei, mas de uma coisa eu sei, assim como Maluf em São Paulo, em qualquer lugar que se passe alguém diz...ta vendo ali...foi ACM quem fez...
Já quanto ao João, basta olhar para o chão...
Tá vendo aquele buraco ali? Obra do tatuzão.
A dúvida que me percorre a mente é...
Estaria João Henrique deliberadamente deixando que os buracos se proliferem em Salvador e se aprofundem a cada chuva para ver se consegue atingir algum lençol petrolífero e dele estrair o asfalto tão escasso por aqui ?
Porvìncia de Salvador-BA , 21 de dezembro de 2011