A Anônima e o Ilustre Leitor
É chegada a hora do balanço final, pois é dezembro. Olhar para trás e pesar os momentos bons e os que me roubaram sorrisos. Este ano tem sido um grande aprendizado. Eventos fizeram-me enxergar a vida por outros prismas.
Por algum tempo acreditei que o calendário jamais sairia do dia 12 de janeiro. As chuvas fortes em Nova Friburgo. Os estrondos perturbadores dos trovões. A claridade ininterrupta dos relâmpagos. O barulho apavorante do deslizamento de barreiras e das casas. Os gritos desesperados pedindo por socorro. O choro de dor e lamento ouvido por toda a cidade. Tudo isso parecia interminável. O que jamais imaginaria era que algo extraordinário aconteceria levando de mim toda a tristeza. De repente o lamaçal deu lugar a límpidas e mansas águas! E o riso foi seco pelo calor de um ser que, na verdade para mim, é um verdadeiro anjo.
Quando comecei a postar meus textos na internet não imaginei da força que as palavras teriam, nem da distância que elas pudessem alcançar. Quando li aquele comentário em um dos meus contos, notei que algo diferente havia naquelas palavras. Havia peso. Havia história. Havia sentimento. Havia nostalgia. Havia, acima de tudo, verdade!
Como sempre faço com os leitores que comentam meus textos, enviei e-mail agradecendo ao gentil comentário e o incentivo deixado para mim em elogios generosos. O leitor retornou o e-mail. Quis saber se eu era professora pela qualidade dos textos. Acabamos trocando telefones para a venda de um imóvel, já que lhe informei sobre a imobiliária.
Este ano em janeiro, quando a cidade de Nova Friburgo estava assolada pela tragédia da cidade, meu celular tocou. Do outro lado, uma voz emocionada, embargada, comemorou: “Minha autora está viva!”
Um tanto perdida e sem reconhecer a voz, não o identifiquei. Foi quando disse que era o leitor que fora professor dos netos de Vinícius de Moraes e Carlos Drumond de Andrade. Quem ficara emocionadíssima nessa hora fui eu! Um ilustre leitor importando-se com uma simples anônima! Não. Um cidadão do bem cujo coração que não cabe neste mundo cruel, preocupado com seu semelhante. É! Era um anjo encantador que viera saber de mim e da minha família em momento de perigo e sofrimento.
Deixando o medo, a preocupação com sua própria segurança, o ilustre leitor veio até a serra do Rio enfrentando intempérie, riscos e toda sorte de infortúnio. Foi até onde eu me encontrava com seu carro abarrotado de suprimentos para me ajudar! Que lindo! Que generoso! Que raridade hoje em dia um ser de luz assim! Que sorte a minha de atrair com minhas letras olhares extraordinários!
Antes que minha família ou amigos pudessem vir em meu socorro, ele passou na frente de todos com admirável coragem e singular desejo em auxiliar esta anônima que aqui relata esta retrospectiva. Além das provisões, o ilustre leitor fez consideráveis doações de eletrodomésticos. E eu fiquei com uma dívida de gratidão que nunca serei capaz de pagar por não haver dinheiro que pague ações de ouro!
Uma pessoa me disse quando soube da generosidade desse benfeitor:
“- Nossa! Imagino se você fosse a J.K. Rowling, autora do Harry Potter! Seria coberta de ouro!”.
Na minha grandeza humilde de ver a vida, pensei comigo:
- Que tola... Não sabe ela que eu sendo anônima recebendo toda essa atenção do meu ilustre leitor, me senti melhor do que uma Best Seller. A glória decerto era minha! Receber doações e agrados quando se é famosa, que vantagem tem?
Este ano não poderia terminar sem meu agradecimento por esta janela mundial, através deste ciberespaço. Obrigada, ilustre leitor! Sei que não quer ser identificado, mas saber que você lerá o que escrevi e que saberá ser para você, agradecendo aqui do tamanho que merece, isso me basta!
O comentário que o meu ilustre leitor fez há dois anos:
“19/07/2009 22:09 -
Djanira Luz,Boa-noite!Parabéns grudados: pela foto dos poetas; pelo texto que acabo de ler - ... sonhos que resgatam histórias. Da foto, guardo o convívio próximo com Drumond e Vinícius, cujos netos foram meus alunos. De Mendes Campos, a presença em alguns encontros e de Quintana o prazer das leituras. Agora ficam na memória junto com você. Esse andar por aqui me dá muito prazer.
Para o texto: UM CONTO REAL DE SONHOS QUE RESGATAM HISTÓRIAS... (T1707276)”
É chegada a hora do balanço final, pois é dezembro. Olhar para trás e pesar os momentos bons e os que me roubaram sorrisos. Este ano tem sido um grande aprendizado. Eventos fizeram-me enxergar a vida por outros prismas.
Por algum tempo acreditei que o calendário jamais sairia do dia 12 de janeiro. As chuvas fortes em Nova Friburgo. Os estrondos perturbadores dos trovões. A claridade ininterrupta dos relâmpagos. O barulho apavorante do deslizamento de barreiras e das casas. Os gritos desesperados pedindo por socorro. O choro de dor e lamento ouvido por toda a cidade. Tudo isso parecia interminável. O que jamais imaginaria era que algo extraordinário aconteceria levando de mim toda a tristeza. De repente o lamaçal deu lugar a límpidas e mansas águas! E o riso foi seco pelo calor de um ser que, na verdade para mim, é um verdadeiro anjo.
Quando comecei a postar meus textos na internet não imaginei da força que as palavras teriam, nem da distância que elas pudessem alcançar. Quando li aquele comentário em um dos meus contos, notei que algo diferente havia naquelas palavras. Havia peso. Havia história. Havia sentimento. Havia nostalgia. Havia, acima de tudo, verdade!
Como sempre faço com os leitores que comentam meus textos, enviei e-mail agradecendo ao gentil comentário e o incentivo deixado para mim em elogios generosos. O leitor retornou o e-mail. Quis saber se eu era professora pela qualidade dos textos. Acabamos trocando telefones para a venda de um imóvel, já que lhe informei sobre a imobiliária.
Este ano em janeiro, quando a cidade de Nova Friburgo estava assolada pela tragédia da cidade, meu celular tocou. Do outro lado, uma voz emocionada, embargada, comemorou: “Minha autora está viva!”
Um tanto perdida e sem reconhecer a voz, não o identifiquei. Foi quando disse que era o leitor que fora professor dos netos de Vinícius de Moraes e Carlos Drumond de Andrade. Quem ficara emocionadíssima nessa hora fui eu! Um ilustre leitor importando-se com uma simples anônima! Não. Um cidadão do bem cujo coração que não cabe neste mundo cruel, preocupado com seu semelhante. É! Era um anjo encantador que viera saber de mim e da minha família em momento de perigo e sofrimento.
Deixando o medo, a preocupação com sua própria segurança, o ilustre leitor veio até a serra do Rio enfrentando intempérie, riscos e toda sorte de infortúnio. Foi até onde eu me encontrava com seu carro abarrotado de suprimentos para me ajudar! Que lindo! Que generoso! Que raridade hoje em dia um ser de luz assim! Que sorte a minha de atrair com minhas letras olhares extraordinários!
Antes que minha família ou amigos pudessem vir em meu socorro, ele passou na frente de todos com admirável coragem e singular desejo em auxiliar esta anônima que aqui relata esta retrospectiva. Além das provisões, o ilustre leitor fez consideráveis doações de eletrodomésticos. E eu fiquei com uma dívida de gratidão que nunca serei capaz de pagar por não haver dinheiro que pague ações de ouro!
Uma pessoa me disse quando soube da generosidade desse benfeitor:
“- Nossa! Imagino se você fosse a J.K. Rowling, autora do Harry Potter! Seria coberta de ouro!”.
Na minha grandeza humilde de ver a vida, pensei comigo:
- Que tola... Não sabe ela que eu sendo anônima recebendo toda essa atenção do meu ilustre leitor, me senti melhor do que uma Best Seller. A glória decerto era minha! Receber doações e agrados quando se é famosa, que vantagem tem?
Este ano não poderia terminar sem meu agradecimento por esta janela mundial, através deste ciberespaço. Obrigada, ilustre leitor! Sei que não quer ser identificado, mas saber que você lerá o que escrevi e que saberá ser para você, agradecendo aqui do tamanho que merece, isso me basta!
O comentário que o meu ilustre leitor fez há dois anos:
“19/07/2009 22:09 -
Djanira Luz,Boa-noite!Parabéns grudados: pela foto dos poetas; pelo texto que acabo de ler - ... sonhos que resgatam histórias. Da foto, guardo o convívio próximo com Drumond e Vinícius, cujos netos foram meus alunos. De Mendes Campos, a presença em alguns encontros e de Quintana o prazer das leituras. Agora ficam na memória junto com você. Esse andar por aqui me dá muito prazer.
Para o texto: UM CONTO REAL DE SONHOS QUE RESGATAM HISTÓRIAS... (T1707276)”