Palavras
Há palavras e palavras, umas sem acento, outras com acento: “graves”, esdrúxulas, agudas...; e há também as meias palavras - essas malditas que tanta confusão me causam. Um dia destes, esbarrei por pura coincidência, com uma dessas moças que passam o tempo olhando para o espelho, não que ela fosse uma emperiquitada, longe disso, ela era, ou é, de uma tranqüilidade abismal, ás vezes até incomoda, imaginem uma moça que passa o tempo absorvendo o que os outros dizem, sempre calada, de poucas falas, e se alguma frase ela completa, o faz a muito custo. Parece que o lema dela é ouvir, ouvir, e por que não ouvir novamente... continua ouvindo... e não há meio de dizer nada; que raiva dá, se um saca-rolhas eu tivesse, lhes juro que o usaria naquele momento.
- Você é casado?!
- O quê? Eu casado!? Onde tirou essa idéia?
-...
A não ser que em alguma viagem que fiz ao inconsciente eu tenha assinado os papéis do enforcamento sem que tenha dado por isso. Caso contrário, continuo solteiro e bom rapaz, se não gostarem do bom, fiquem com o mau, vai dar ao mesmo. É uma questão de gosto.