Papai Noel

Véspera de Natal, eu passeava pelo shopping e parei em um lugar onde os pais levam seus filhos para tirar uma foto com o Papai Noel e ganhar uns doces. Eu olhava como qualquer outro quando meus olhos se depararam com um garoto, pobre, magro, de uns oito anos, que olhava fixamente o velhinho. Acho que o espírito de natal baixou em mim, me aproximei.

_ E aí garoto, quer tirar uma foto? Eu pago pra você!

_ Não moço, obrigado, eu não gosto dele, esse cara não bonzinho como dizem por aí.

Surpreso, perguntei por quê.

_ Olha moço, eu moro com a minha mãe, que trabalha na casa de um povo rico, que têm um menino assim da minha idade. O garoto levado demais sabe, já foi expulso de umas duas escolas e uma vez até fugiu de casa, só que filho de rico não fica sumido, já viu né. Pois é, o garoto é uma peste e mesmo assim, ganhou uma bicicleta novinha do Papai Noel ano passado e nem usa.

E pra mim que passei o ano todo obedecendo à mamãe, só faltei de aula quando fiquei doente e ainda catei um monte de latinhas pra comprar umas coisas que a escola pediu, eu que me comportei o ano todo pra ver se ele me dava uma bicicleta, mesmo que fosse velha, e não pra brincar não moço, era pra eu ir pra escola, que fica muito longe, e meus chinelos estão acabando muito rápido. Pois é, de mim esse moço aí esqueceu, tive que juntar mais um monte latinhas e comprar um chinelo novo.

Não sabia o que dizer, soltei a primeira coisa que veio à cabeça.

_ Não fica assim não, é que Papai Noel é um sujeito muito ocupado, não tempo de olhar pra todo mundo porque ele trabalha muito.

_ Ah é?! Então ele deve trabalhar no mesmo lugar que mamãe diz que aquele outro Papai trabalha, o Papai do Céu.

Não consegui dizer mais nada, daquele dia em diante eu também passei a olhar Papai Noel com outros olhos.