Ah um tapinha não dói! ... Um tapinha não dói!...
Querido(a) leitor(a), não me condene pelo título dessa minha crônica, ele é frase refrão de um conhecido Funk, mas isso não é motivo para que você, que talvez não aprecia essa modalidade de música, não vá ler-me. Principalmente porque o assunto aqui é outro bem diferente...
A letra da música fala de um tapinha como um estímulo sexual, e eu pretendo falar do tapinha que nossos representantes em Brasília têm se ocupado... Há tapas muito mais ofensivos que não são vistos, porque nossos ilustres representantes não se ocupam deles... Pelas ruas há muitos traficantes ajudando pessoas a darem um tapinha na heroína, craque ou algo mais moderno... Há tantas mulheres sofrendo agressões físicas seja de seus parceiros, ou mesmo na rua com maníacos violentadores. Há o tapa que a sociedade dá àqueles que não têm nem como se defender da miséria, do descaso, da indiferença...
Há tanta coisa importante para nossos legisladores verem, e eles querem se meter na forma como nós pais, mães, educamos nossos filhos... Lei contra a pedofilia e violência contra o menos (criança e adolescente) já existem e estão previstos no Estatuto da Infância... Não há necessidade de ocuparem de seus preciosos votos para aprovarem um projeto de lei que proíbe pai ou mãe de dar um tapinha em seu filho quando sente que a palavra não foi suficiente...
Nem venham me dizer que sou a favor de surrar filhos, mas exercer sobre eles a correção e se para isso tiver sim que recorrer a umas palmadinhas, garanto que a criança não irá morrer, mas nossos preocupados legisladores, por falta de serviço (veja que fui irônica aqui), querem tirar o nosso pátrio poder e autoridade sobre nossos filhos... E como resultado, crescem filhos sem nenhum respeito pelos pais, cria-se delinquentes juvenis, jovens sem limites, que se tornam índices estatísticos para o Estado,... e consequentemente o tapinha que eles não levaram na infância se transformam em agressões da polícia sobre eles como forma de coibir suas ações libertinas e desenfreadas...
Não estou aqui defendendo a bandeira da palmada, mas àquela que dá aos pais o direito de decisão sobre a educação que devem efetuar junto e sobre seus filhos... O nosso legislativo, deve se priorizar em fazer leis que tragam benefícios para a sociedade, que se revertam em progresso sócio, cultural, econômico da nação, e acima de tudo que façam valer a soberania dos direitos dos cidadãos(ãs), não se intrometer no meio da família e decidir pelos pais o que fazer com seus filhos...
Meu menino mais novo, desde pequenino, sofria de problemas estomacais, e deveria se alimentar em período curtos para não sentir dor, e sempre foi pirracento demais. Quando tinha que sair com ele sempre levava frutas, biscoitos, suco, iogurte, de tudo o que ele gostava para ir variando e ele não passar muito tempo sem se alimentar... Certo dia, voltávamos de uma consulta médica e ele estava de barriguinha cheia, e logo seria hora de almoçar... Ele viu o carrinho de picolé e fez uma pirraça descomunal, e eu disse "não"...
Uma senhora vendo aquilo, passou por cima do meu "não" e deu o picolé a ele. Logo à frente, ele jogou pouco mais da metade do picolé fora, porque não aguentou tudo... Ali mesmo eu tirei a sandália e dei umas três nele e cheguei em casa e o coloquei de castigo, onde chorou até dormir... Quando acordou, eu conversei com ele sério, como uma mãe deve falar a seu filhinho de três anos que faz pirraça... Daquele dia em diante ele não repetiu tal ato...
O que aquela mulher fez foi cheio das boas vontades, das boas intenções,... mas diz um velho adágio popular que “de boas intençôes o inferno está cheio”. Ela passou por cima de minha autoridade materna e eu não admito isso...
Criei meus filhos sozinha e não serão meus amigos legisladores que vão determinar a forma como vou educá-los... Eles ( os legisladores) deviam olhar mais é para a corrupção deslavada que acomete toda a nação, os crimes de colarinho branco, as verbas que são desviadas, os privilégios dos bancários...
Papai falava que “quem dá o pão dá o ensino”, e ensina à seu modo,... aquilo que julga ser o melhor a seus rebentos. E, definitivamente, quem dá o pão a meus filhos, sou eu,... e eu não sou obrigada a aceitar que terceiros decidam por mim na educação deles...
Vereadores, Deputados Estaduais e Federais, Senadores... por favor, né!!! Minha casa e minha família não é “a casa da mãe Juana, onde todo mundo manda”... Procurem ser competentes naquilo que é sua função e deixem os pais cuidarem de suas famílias...Afinal, vivemos em um país democrático (ou não???) em que os pais deveriam ter liberdade de ação sobre as decisões em seu lar, a educação dos filhos deve ser de (in)competência dos pais e não do Estado, que já é (in)competente em muitas coisas...
Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 20/12/2011