ESCREVENDO SOBRE O NADA
Outro dia resolvi escrever sobre o nada. Imagine você: escrever sobre o nada! Imaginou? Pois é, pois foi bem isso que eu imaginei – escrever nada vezes nada! Nadinha de nada – e o mais interessante é que falando do nada a gente fala do tudo que não passa, às vezes, do nada.
Para muitos escrever sobre o nada é um absurdo. Eu escrevo sobre o nada pensando no nada – que o nada não é nada a não ser o nada mesmo. Imagine pensar em nada, fazer nada, não escrever nada, não se relacionar com nada... Não fazer nada de nada de nada de errado. Inclusive não gastar o cérebro para não pensar em nada!
Isso é o nada – e ao mesmo tempo nada é, a não ser o tudo-nada versos nada-tudo. Um é negação do outro. Ou o nada é a negação do próprio nada? Não sei de nada, nada vi, nada ouvi, nada sei e se sei digo que nada sei – e está aí o nada. Nada vezes nada deve ser nada mesmo, ou nada ao quadrado? Nada disso, deve ser nada mesmo.
Nada vezes nada ouvi dizer que é o oposto, isto é, a negação do nada é o oposto. Engraçado! Engraçadíssimo estar escrevendo sobre o nada, pois não sei onde vai dar esse nada – em que nada vai dar esse nada é bem complicado.
Proseando sobre o nada é bem engraçado do ponto de vista do nada. Não está apoiado em nada, a não ser no próprio nada – que nada é, a não ser ele mesmo: nada! Versejar sobre o nada também não deve dar em nada, ou será que estou errado? Nada disso, estou certo – não vai dar em nada.
O que é mais interessante é o desafio de encher estas linhas falando de nada, ou do nada. Escrever sobre o nada pode se equiparar a quê? A pensar sobre o nada! Nada do que foi um dia há de ser novamente... Claro: se não foi nada, o que vai ser então? Nada de novo.
Nada, nada, nada... Outro dia penso mais no nada – se é que o nada faz pensar e acabo de encher estas linhas de nada – são de nada mesmo, então... Por que me preocupar em escrever sobre o nada? Desafios? Desafiar o nada? Talvez, talvez nada disso, apenas brincar de escrever sobre o nada. Que nada é a não ser ele mesmo: nada!
Vocês, talvez ao lerem esse nada, ficarão ‘parados’ no nada – melhor, no ar. Dirão: “Nossa! Ele nada escreveu a não ser escrever nada. Escreveu, escreveu, escreveu e nada disse. Nada mesmo!” Interessante: nada mesmo, a não ser o próprio nada, que nada é, que não passa de nada. Nada, somado a nada, dividido a nada, multiplicado a nada, subtraído do nada – igual a nada. É a própria negação, negada a nada!
Aliás, outro dia não vou pensar em nada e nada de acabar de escrever sobre o nada. Paro por aqui, porque ninguém merece nada disso – não é mesmo? – a não ser o NADA.
- coloquei o ponto final no NADA!
07 de Janeiro de 2007