Piadas

Piada é uma coisa temporal: tem o momento certo de contar e o momento exato para rir. Se contar na hora errada, a piada vira mico e quem contou vira piada. E rir na hora errada mostra que a gente não entendeu a piada...

Lembro de uma piada muito sem graça (ai, desculpa!) que minha mãe me contou repetidas vezes e outras tantas eu a ouvi contar a outras pessoas na maior empolgação. Ei-la.

Havia numa empresa, um grupo de pessoas em que um deles, o chefe, contava uma piada atrás da outra. Todo o grupo escachava de rir de todas elas, exceto uma pessoa. Um dos risonhos, curioso, foi perguntar ao sério se ele não estava entendendo as piadas do chefe. E ele responde: “não, não, é que eu não sou funcionário da empresa...”

Tudo bem... eu avisei que era sem graça...

Mas como eu estava dizendo, a piada é temporal. Se você não entendeu e alguém explica, não tem mais tanta graça. Ou seja, rir é uma oportunidade única! Ou você ri espontânea e desavergonhadamente no fim da piada, ou então no máximo, esboçará um sorrisinho simpático para não desapontar quem a contou.

Lembrei disso tudo porque esses dias aconteceu o seguinte. Eu havia marcado um compromisso com uma pessoa. Porém, dias antes eu soube que não poderia comparecer. Enviei-lhe vários torpedos avisando e pedindo que me confirmasse o recebimento. E nada... Tentei ligar e não atendeu... Sem outro remédio, torci para que a pessoa tivesse visto os torpedos e que por algum motivo simplesmente não os respondeu.

Muito tempo depois do horário programado para o compromisso, recebo um e-mail pedindo mil desculpas porque a pessoa não pôde comparecer. Achei muita graça daquilo. Não era a primeira vez que a pessoa furaria comigo. E por isso ela deve ter ficado envergonhada. Mas esclareço que só achei graça porque eu também não fui. Se tivesse ficado lá esperando em vão mais uma vez, aaaahhhh, aí eu teria sentido outra coisa, claro!

No e-mail ela dizia que perdera o celular e não teve nem como me avisar. Me passou um outro número para que eu entrasse em contato. Como ela havia dito: “Me desculpe por não ter ido”, quis dar um susto nela e enviei um torpedo assim: “Ei, de novo? Mas eu te perdoo, inclusive por não ter respondido aos meus torpedos, hehehe...”

Mas ela não recebeu o conteúdo do torpedo, apenas uma mensagem em branco, com o meu nome no final. Aí me ligou imediatamente. Recombinamos o compromisso e eu reenviei o torpedo simplesmente para que ela visse, quem sabe achasse graça, uma graça atrasada, tudo bem, mas seria uma situação simpática. Porém, o impacto não foi o mesmo, eu sei.

Não tem jeito. Piada é temporal mesmo. Tem a hora certa de contar e o momento certo de chegar. Do mesmo jeito que contar na hora errada vira mico, se chegar tarde demais também fica sem graça.

(Limeira, 07/12/2011)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 19/12/2011
Reeditado em 19/12/2011
Código do texto: T3396144
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