SE EU FOSSE ME ENCONTRAR COM O AMOR
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Por Carlos Sena
Se eu fosse me encontrar com o tempo o que eu lhe diria? Talvez dissesse: tempo, por que foges de nós, por que não te cedes aos nossos caprichos e não nos mantém jovens pra sempre?
Se eu fosse me encontrar com a riqueza, talvez lhe dissesse pra não nos escravizar em seus caprichos, pois a gente sabe que caixão não tem gavetas.
Se eu fosse me encontrar com a pobreza, talvez lhe dissesse pra permanecer sábia. A pobreza, sob certos ângulos de visão, enobrece e transforma – diferente da riqueza sob certos sentidos.
Se eu fosse me encontrar com a ilusão, talvez lhe dissesse que os seres humanos se impressionam demais com ela. Que trocam as ilusões realizáveis por aquelas impossíveis de acontecer.
Se eu fosse me encontrar com o SIM, diria pra ele que é falsa sua imperatividade. Que os humanos dizem não em seu lugar e calam pra lhe consentir. Que sua relatividade quase sempre atrapalha mais do que ajuda a nós, humanos, em nossas conversas diárias.
Se eu fosse me encontrar com a dor, diria que doa menos. Que doa devagar, posto que não se vive sem ela, mas nessa impossibilidade que nos ajude, nos ensine a não chorar ou a chorar de felicidade se ensinamentos vierem depois, como imaginamos.
Se eu fosse me encontrar com o sorriso, diria que gargalhasse menos. Que nos ensinasse a sorrir por dentro, como produto da nossa auto estima elevada e do nosso desprendimento material.
Se eu fosse me encontrar com o machismo, diria pra ele procurar um analista. Machismo é a incapacidade de ser feliz sendo como é. Diria que para uma vida breve, perder tempo sendo macho é péssimo, pois sendo HOMEM já é o bastante e não dá trabalho. Lembrarei: Macho não ama mulher quem ama mulher é homem.
Se eu fosse me encontrar com o amor, nada diria. Era como se eu fosse me encontrar com Deus. Como não sou atrevido, fugindo um pouco a saga do nordestino, prefiro ficar contrito comigo mas escutando o que ele queira me dizer. O amor nos diz sempre, mas nós nem sempre lhe escutamos. O difícil do amor, é que ele sempre nos diz sem dizer, nos fala sem bramir, nos mostra sem apontar. É como diz DJAVAN: invade e fim. Deus é assim. Não interessa ninguém te mostrar que Ele a isto não se permite. Sendo Deus o amor, assim o será sempre pela capacidade de ser tudo e nada ao mesmo tempo, como que a nos dizer da nossa pequenez... Por isto, reconhecendo minha in-significância, calo, silencio, rezo... Peço paz para este mundo tão cheio de "guerras"...