HÓSPEDES
Por puro esquecimento, no final de semana que passei na Ilha de Itamaracá (Litoral Norte de Pernambuco) deixei aberto o basculante de uma das janelas da suíte onde moro e um casal de Guriatã de Coqueiro (Coereba flaveola) resolveu fazer o ninho no espaço aberto no teto onde tem a lâmpada do banheiro.
Quando mudei para cá, mandei um desses “faz tudo” substituir os bocais antigos por desses novos que numa só peça, tem o bocal e a placa que obtura o buraco, para que o visual fique agradável, dando a sensação de arrumado.
Acontece que o serviço de qualidade duvidosa do “faz tudo” com pouco tempo largou um dos parafusos e ficou a abertura mostrando a caixa de embutir da laje, daquelas que se colocam interruptores, tomadas ou placa cega.
E o preguiçoso aqui não se dignou a arrumar.
O espaço é tão grande que foi escolhido pelo casal para a construção do ninho de onde sairá em pouco tempo, vez que a incubação dos ovos dura em torno de 13 dias, a nova geração desses anjos alados.
Agora até que se complete o ciclo não poderei acender a lâmpada para não correr o risco de eletrocutar meus hóspedes e cada vez que uso o banheiro, sou observado de perto pelo zeloso casal. Mas eles sabem que são bem vindos e que não mexerei no ninho até que o último ninhego tenha alçado vôo.
Hoje enquanto estava me enxugando depois do banho, o macho que estava pousado no cano da cortina do box, desceu até o piso para beber água, apesar da distância de menos de um metro que nos separava.
Por favor, não estranhem se forem usar o banheiro aqui em casa e virem uma folha de jornal estendida no chão.
É para coletar as fezes da fêmea que durante o choco só chega à borda do ninho para aliviar o intestino.
Além de ela estar no ambiente adequado para satisfazer as necessidades fisiológicas é a única responsável pela incubação.