Viagem de Trem
VIAGEM DE TREM
O dia amanheceu nublado. A chuva não veio, no entanto, o dono da pensão bateu à minha porta. Exclamou: O trem logo mais partirá! Levantei-me atônita, dormira mal. Rompi o casulo do cansaço, preparei minha bagagem. Tomei um café amargo e forte, e sai ladeando a calçada alta da rua do trilho. Tentando acompanhar meu irmão Vicente que andava a passos largos, bem à frente. Na estação, no ponto final da plataforma avistamos Arioston e Plínio que caminhavam ao nosso encontro. Companheiros de inúmeras viagens de Lavras para Cedro.
O ferroviário puxa a corda do sino, acena para o maquinista. O trem deu partida. No vagão acomodamos nossos pertences. Saímos de Lavras, ao som do sacolejo do trem que resfolegava o vapor da máquina. O cheiro forte de ferro impregnava o ar. Nas poltronas, passageiros roncavam. Em menos de uma hora chegávamos a Cedro.
Manhã fugaz, regrada de esperanças e sonhos. Sonhos de conquistar um espaço inimaginável no futuro.
Despedimos dos colegas, Arioston e Plínio na certeza de logo mais à tarde nos encontrarmos no colégio São João Batista. Na Rua da Capela, Rosinha de Pedrinho, em sua casa estava a nos esperar com seu sorriso cativante. Vicente seguia em frente para casa de Toinha. Rosinha fazia toda sorte de perguntas, queria saber de todos da família. Servia o café com sua deliciosa tapioca e queijo, cuscuz de milho zarolho, pão de arroz com gergelim e toda aquela variedade de guloseima que mãe mandara da Tapera, época de muita fartura. Passávamos a manhã alegre conversando e Rosinha preparando o almoço.
Abandono a cozinha e me acomodo na sala preparando meus livros; contava pouco para o toque de meio dia na usina Natanael Cortês, um convite para me dirigir o Colégio São João Batista, encontrar-me com a turma; no percurso já alcançava Sonia Costa, não éramos apenas colega, muito mais, uma amiga de verdade. Quantas trilhas a percorrer. Quantos caminhos e sonhos de uma vida.
Natal 12 de setembro de 2006 .