CONSOADA

Tradição herdada de Portugal, que consiste na reunião das famílias no dia 24 de dezembro, em comemoração ao Natal. Nesse dia, tal reunião é comemorada com um lauto almoço.


A sua origem remonta aos primeiros séculos, quando as vigílias que celebravam o nascimento de Jesus, eram dias de jejum. Os fiéis reuniam-se nas Igrejas, rezando e cantando toda a noite . (Wikipedia)


Com o passar dos séculos, o jejum foi sendo abolido e substituído pela refeição a que o povo continuou chamando de "Consoada". Em Calambau, e em toda nossa região, há muito tempo essa tradição é mantida.


No princípio do mês de dezembro, as nossas mães e avós já se ocupavam do preparo das frutas para os famosos doces da Consoada. Assim é que os figos, cidras, laranjas, limões, marmelos já estavam sendo procurados, pois quem não os tinha em seus quintais teria que adquiri-los com os vizinhos e amigos. Além das frutas citadas, outras também eram usadas. Os canudinhos, pudins, rocamboles, doce de leite, doce de coco, suspiros, pão dourado e fios de ovos, eram os doces mais comuns entre nós.


Quando morávamos na roça, vínhamos passar a consoada com a nossa avó Dona Augusta, na cidade. A nossa mãe Cici já trazia da fazenda os diversos doces que, juntos com os de nossa avó, comporiam a sobremesa do almoço da Consoada.


No almoço, quase sempre, era servida a famosa bacalhoada, geralmente regada com um bom vinho. E ainda: macarronada; tutu; leitoa; frangos de várias formas ( fritos, assados, refogados); lombo e pernil de porco; pato com macarrão, etc. O mais importante, no entanto, era o clima de confraternização existente entre as famílias.


As comadres, vizinhas, amigas, parentes, participavam das trocas, principalmente, de doces. Umas enviavam doces de canudos e recebiam de volta doces de leite, por exemplo.


Nas amplas mesas, era servido o grande almoço com a participação de todos da família e, raramente, faltava alguém. Mesmo os parentes que moravam mais longe faziam de tudo para participarem desse congraçamento.


Algumas pessoas retribuíam, no Ano Novo, as guloseimas recebidas na Consoada.


Os mais jovens não conhecem fios de ovos, biscoito de pua, talhadinha parda, mãe benta e muitos outros doces feitos pelas nossas avós. Já não sentimos o cheiro do cravo e da canela dos doces das antigas doceiras. Mas não podemos deixar desaparecer as receitas que ainda nos restam, pois elas nos faz voltar à infância e recordar o tempo que passou.


O que vale é o espirito natalino que a Consoada comemora, reunindo as famílias e os amigos numa congregação de paz e amor.


Murilo Vidigal Carneiro
Calambau, 24 de novembro de 2011
murilo de calambau
Enviado por murilo de calambau em 15/12/2011
Reeditado em 15/12/2011
Código do texto: T3391024
Classificação de conteúdo: seguro