A felicidade não me convém

Ele tentou dormir. Mas não conseguia, com aquela luz na cara. Não sabia de onde ela vinha, todas as janelas estavam fechadas e as lâmpadas apagadas. Ele tinha que acordar de madrugada. E a porcaria da luz, cegante.

Começou a praguejar com seu vocabulário sujo. Para sua surpresa, a luz se mexeu e criou uma silhueta humana. Assustado, a viu se aproximar dele e falar:

– Olá! Eu sou a felicidade. Você é muito infeliz, um poço de solidão. Por isso, resolvi lhe fazer uma visitinha.

– Fe-felicidade?! – o homem gaguejou, duvidando.

– Sim, e hoje é seu dia de sorte! Vou realizar um desejo seu, alguma coisa que te deixe maravilhosamente feliz. Aproveite, isso não ocorre com muita frequência. Pode pedir.

Ele começou a acreditar:

–Qualquer coisa?

– Exatamente.

Raivosamente, ele grita:

– Eu quero dormir, merda! Dá pra você cair fora e tirar essa luz da minha cara?

29/09/11

Elaine Rocha
Enviado por Elaine Rocha em 15/12/2011
Reeditado em 30/06/2012
Código do texto: T3390549
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