Jogo-me na impiedosa cama
Jogo-me na impiedosa cama. Registram-se meus gemidos e o vazio vai tomando forma.
Em pleno vigor de meus anos a insatisfação é latente, pois a solidão é mortífera. São noites insones e sacrifícios inúmeros.
Real é minha carência miserável. Falta-me o aconchego bem necessário. Queda-se nas estradas térreas quem assumi convencional e sentimentalmente. É compreensível que meus sentimentos sejam transbordados. Sufoco meus gemidos nos lençóis e travesseiros, às vezes, saindo de encontro aos ares.
É difícil, pois, expressar toda a realidade sentimental jorrante em mim. Os ares, os céus, a terra e seus componentes ficaram com considerável parte desse processo.
Aplaca, Senhor, a imensidão dos meus sentimentos, que jorram verdadeiramente sentidos. Ser-me-á doloroso e total dissabor perder o dom do desabafo. Caso venha a perdê-lo, será como se morta fique.
* * *
..............................................................................................
Do livro “Tópicos Emocionais”, parte integrante da coletânea "Passarela de Escritores". Edições Jacurutu. Teresina, 1997, página 61.
..............................................................................................
© Direitos reservados.