AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ!
A estória é verídica, posso garantir porque eu estava lá!
É claro que usei a minha capa de invisibilidade (aquela mesma a que me referi na crônica "Encontros e desencontros”) pra não atrapalhar o desempenho dos atores.
O menino, quase adolescente, praticava, sobre a calçada daquela rua muita calma, a sua brincadeira preferida; corrida de "baratinhas" que se resumia no seguinte: um circuito de corrida, traçado a giz, muito sinuoso e pontilhado de obstáculos a serem vencidos. Eram rios, areais, lamaçais, precipícios e outros tais. Usava um dado para , de acordo com a face voltada para cima, quando jogado, determinar quantas casas o seu carro poderia andar. Cair num obstáculo poderia até fazê-lo retornar ao ponto de partida e recomeçar. Como "baratinha" usava uma chapinha de cerveja, com rodelas de casca de banana para lhe dar peso e era tocada à petelecos.
Até aí, tudo bem! Mas só que, para reforçar o clima de realidade, o rapazinho acompanhava as petelecadas com o ruido característico dos poderosos motores, "rom-rom-rom". Isso numa rua deserta, há 60 ou mais anos atrás, soava como verdadeiro mesmo.
O prédio, a cuja frente ele estava, era um soberbo sobradão, com invejável pé-direito, ficando a janela de cima a uns bons 8 metros da calçada. Morava lá uma jovem e bonita senhora, com seu filho , que ela proibia de se aproximar dos outros e que, penso eu, só terá escapado de bicha por pura sorte.
Pois foi de lá que, de repente, caiu sobre o moleque-piloto um balde inteirinho d'água e o seu impacto quase o jogou por terra, além de lhe ter provocado um tremendo susto.
Indignado, irado, com choro de raiva à custo contido, o garoto , imediatamente, recolhe um monte de pedrinhas, arranca do bolso de suas calças curtas o inseparável bodoque e inicia um indefensável bombardeio ao reduto do inimigo, conseguindo, ao que disseram, quebrar pelo menos dois vasos e um dedo da empregada que tentava fechar a janela.
Sabendo do que viria, embrenhou-se pela mata e só voltou à casa pela noitinha, abortando, assim, a ação do policial que esteve à sua procura.
Sabem o que aconteceu depois? A jovem e bonita senhora, com seu filho candidato à boneca, fizeram uso da máxima : "se você não pode abater seu inimigo , alie-se a ele". Passaram a tratá-lo com a maior consideração, chamavam-no, constantemente, para lanchinhos e o que mais, davam-lhe presentinhos, paparicavam-no ...e o tempo foi passando!
Com uma proximidade tão grande, o menino crescendo, teria que dar no que deu; o moleque-piloto enamorou-se da jovem e bonita dama e um explosivo caso de amor teve início.
A rapaziada amiga, quando pressentiu o fato, partiu para a gozação impiedosa, mas o nosso Fitipaldi saia-se muito bem, afirmando: "é, tô namorando ela, sim! Mas só de raiva "
Juro que tudo é verdadeiro! Talvez a única mentira seja a da última fala do rapaz...
A estória é verídica, posso garantir porque eu estava lá!
É claro que usei a minha capa de invisibilidade (aquela mesma a que me referi na crônica "Encontros e desencontros”) pra não atrapalhar o desempenho dos atores.
O menino, quase adolescente, praticava, sobre a calçada daquela rua muita calma, a sua brincadeira preferida; corrida de "baratinhas" que se resumia no seguinte: um circuito de corrida, traçado a giz, muito sinuoso e pontilhado de obstáculos a serem vencidos. Eram rios, areais, lamaçais, precipícios e outros tais. Usava um dado para , de acordo com a face voltada para cima, quando jogado, determinar quantas casas o seu carro poderia andar. Cair num obstáculo poderia até fazê-lo retornar ao ponto de partida e recomeçar. Como "baratinha" usava uma chapinha de cerveja, com rodelas de casca de banana para lhe dar peso e era tocada à petelecos.
Até aí, tudo bem! Mas só que, para reforçar o clima de realidade, o rapazinho acompanhava as petelecadas com o ruido característico dos poderosos motores, "rom-rom-rom". Isso numa rua deserta, há 60 ou mais anos atrás, soava como verdadeiro mesmo.
O prédio, a cuja frente ele estava, era um soberbo sobradão, com invejável pé-direito, ficando a janela de cima a uns bons 8 metros da calçada. Morava lá uma jovem e bonita senhora, com seu filho , que ela proibia de se aproximar dos outros e que, penso eu, só terá escapado de bicha por pura sorte.
Pois foi de lá que, de repente, caiu sobre o moleque-piloto um balde inteirinho d'água e o seu impacto quase o jogou por terra, além de lhe ter provocado um tremendo susto.
Indignado, irado, com choro de raiva à custo contido, o garoto , imediatamente, recolhe um monte de pedrinhas, arranca do bolso de suas calças curtas o inseparável bodoque e inicia um indefensável bombardeio ao reduto do inimigo, conseguindo, ao que disseram, quebrar pelo menos dois vasos e um dedo da empregada que tentava fechar a janela.
Sabendo do que viria, embrenhou-se pela mata e só voltou à casa pela noitinha, abortando, assim, a ação do policial que esteve à sua procura.
Sabem o que aconteceu depois? A jovem e bonita senhora, com seu filho candidato à boneca, fizeram uso da máxima : "se você não pode abater seu inimigo , alie-se a ele". Passaram a tratá-lo com a maior consideração, chamavam-no, constantemente, para lanchinhos e o que mais, davam-lhe presentinhos, paparicavam-no ...e o tempo foi passando!
Com uma proximidade tão grande, o menino crescendo, teria que dar no que deu; o moleque-piloto enamorou-se da jovem e bonita dama e um explosivo caso de amor teve início.
A rapaziada amiga, quando pressentiu o fato, partiu para a gozação impiedosa, mas o nosso Fitipaldi saia-se muito bem, afirmando: "é, tô namorando ela, sim! Mas só de raiva "
Juro que tudo é verdadeiro! Talvez a única mentira seja a da última fala do rapaz...