MURALHA DA CHINA - Mini crônica
Dia desses sonhei que atravessava a muralha da China. Como nos sonhos moldamos as cenas e as condições ao nosso bel prazer, eu atravessava sozinha a muralha da China, que no meu sonho não se parecia, em absoluto, com a Rua Direita ou com o metrô da Sé, nos horários de pico; era uma muralha da China anterior a Globalização, este monstro de milhares de cabeças que ainda irá derrubar a muralha e fragmentá-la em infinitos pedaços, para vendê-la aos turistas como souvenir.
Não: a muralha do meu sonho não era a muralha apinhada de gente, a do meu sonho era uma muralha da China só minha, inteira só para mim. Nem tu, meu amor, estavas comigo lá.
Ninguém mais a atravessar comigo a muralha da China do meu sonho, a muralha fora do tempo, a muralha fora do mundo, a muralha da China, só minha, no tempo de um sonho, inteira só para mim.
No fim da tarde de 23 de março; republicação na manhã de 14 de dezembro de 2011.