Juventude Luso-Brasileira

Caro amigo Armando:

Lá com cá as coisas giram de forma semelhante, se cá no Brasil estamos nos tornando emergentes segundo a propaganda mundial, e bem sabemos o quanto tivemos de esperar por isso sendo sempre chamados de o "País do futuro", deitado eternamente em berço explendido qual gigante adormecido enquanto governo após governo contentava-se em andar com o pires na mão à mendigar ajuda ao FMI e aceitando sanções propostas pelas grandes economias.

Cá também enfrentamos a concorrência "desleal" de produtos chinezes e de outros países semelhantes que aqui desembarcam de maneira legal ou ilegal a preço de banana . Talvez isso deva-se ao trabalho infantil tão decantado por todos os lados, mas o que faz com que não haja uma conpetitividade real dos nossos produtos aqui feitos e comercializados, no nosso caso é a carga tributária em cascata que onera toda a produção e comercialização.

Claro que e quação de que cada produto importado adquirido é um similar nacional a menos na linha de produção e consequentemente uma diminuição de postos de empregos é algo que realmente preocupa.

Ter uma "defesa assintosa de mercado" como os EUA e outros países parece não ter dado bons resultados a longo prazo. O gasto do governo americano para subsidiar a sua produção de alimentos é enorme e cria barreiras internacionais e de certa forma acomoda os produtores locais que não buscam soluções para poder competir com o que venha de fora.

Cá as atuais gerações tem a preocupação com o ter mais do que com o ser...contentam-se em ostentar produtos de marcas famosas ( originais ou cópias dependendo da classe social ) e pouco ou nada se importam com valores reais e morais.

Não quero parecer um pregador religioso mas, meu filho morou dois anos e tal em Portugal e a juventude com a qual convivia não acredita nem mesmo na existência de Deus. Oras, os valores morais que são passados de geração em geração em nossos países estão diretamente ligados à moral judaico-cristã. Havendo essa dívida quanto à existência de Deus, esta se estende a tudo que se possa ser considerado derivado dessa crença.

Saramago vivia a contestar a religião e religiosidade e é considerado por muitos um ícone da literatura lusófona.

Não sei se o compreendo bem ( Saramago) mas uma coisa é contestar a Igreja ou as igrejas e outra é contestar a existência de Deus e da moral derivativa de tal crença ainda que os dogmas difiram de religião para religião.

Não estou a culpar o Saramago mas por certo o destaque que recebeu nos últimos anos pode e deve ter influenciado em muito a visão de uma juventude já alijada " per si" de muitos valores fundamentais de cidadania e moral.

A sociedade do cada um por si e do salvasse quem puder é a herança de muitas coisas , de muitos movimentos, de muitas visões até mesmo antagônicas entre si e a falta de percepção de que há algo além do dia de hoje , essa falta de confiança no futuro coletivo, desemboca nessa foz da autoescravatura e condescendência.

abraços fraternos

Jorge Linhaça