LUIZ ESTRELA DO CÉU.
Por Carlos sena![](/usuarios/59865/fotos/545310.gif)
Por Carlos sena
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Eu vou contar pra vocês
Como se dança um baião...
Não! Eu vou cantar pra vocês atropelando meu português, mas com outro ABC, porque aqui nosso F pode ser fê, nosso L lê, nosso Y ipissilone, nosso R pode ser rê.
Eu vou contar pra vocês
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Como se dança um baião...
Não! Eu vou dizer pra vocês que lampa é lampião, que sim pode ser não, que Maria pode ser bonita, que chita também pode ser chitão. Aqui cabeludo tem vez, mas um dia não teve não. Cabeludo três vez não.
Eu vou contar pra vocês
Como se dança um baião...
Não! Meu senhor uma esmola para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou liquida o cidadão... Por isto eu não canto, eu conto. Conto de réis, pois se lhe dou vinte mil réis pra tirar três e trezentos, você tem que me voltar, dezesseis e setecentos. Dezessete e setecentos? Dezesseis e setecentos.
Eu vou contar pra vocês
Como se dança um baião...
Não! O meu baião é de dois – feijão com arroz! Como se vê, lá no meu serTÃO pro caboco lê, tem que aprender outro ABC. No sudeste não sei, no norte sei não, no meu Nordeste sei sim na cantiga do vim-vim... Quando o vim-vim cantou, parei pra ver você, atrás da serra o sol tava pra se esconder, quando você partiu, eu nem me esqueço mais, meu coração amor, partiu atrás.
Eu vou contar pra vocês
Como se dança um baião...
Não! Eu vou correr atrás da rolinha porque meu fogo apagou. Fogo pagou, fogo pagou, tem dó de mim. Tenho pena da rolinha que o menino matou! Tenho pena da Asa Branca que ainda não voltou. Tudo em volta é só tristeza: meu amor se foi, minha asa Branca não volta, mas os tropeiros da Borborema continuam com sua cantiga dolente: “trago um terço pra Das Dore, pra Raimundo um violão e pra ela e pra ela, trago eu e o coração”...
Eu vou contar pra vocês
Como se dança um baião...
Não! Eu vou lhes dizer que “minha vida é andar por este país, pra ver se um dia descanso feliz”... “aquela sanfona branca/aquele chapéu de couro/é quem meu povo proclama/ Luiz Gonzaga de ouro”... Que lhe diga Benito que falou tão bonito pro nosso rei. Que lhe diga Flávio José interpretando magistralmente nosso homem do Vassoural Petrúcio Amorim: “lá onde os astros se ouvem, lá onde mora Beethoven mora o Rei do Baião.
Eu vou contar pra vocês
Como se dança um baião
Como se come pirão
Como se xaxa um feijão...
Meu nordeste não encolheu com a partida do seu REI. Ele ficou maior em alma e menor na mesquinharia. Aqui vai virar fartura com gente rindo e cantando. A gente tem lua e tem luar, tem farra e farfalhar. Aqui tem gente que ama que trabalha e que faz poesia. Aqui tem sangue nas veias e veias sem ponte de safena. Aqui se a alma não for tão grande, pelo menos nunca será pequena. Aqui tenho eu, tem tu, tem espinho e tem mandacaru. Tem essa rima que dá e que não dá pra quem quiser. Aqui tem macho tem homem e tem mulher. Aqui tem tudo e tem gay pra quem quiser. A terra de Seu Luiz tem Luz. A terra da luz não esconde ninguém – seduz os que aqui vêm. A Terra da serra aqui ficou Talhada. A gravata daqui faz frio em Gravatá. A terra da luz dá energia de primeira. Dá garapa e dá rapadura, não dá moleza pra quem é mole, mas dá dureza pra safadeza. Aqui não tem brabo, tem brabeza. Nem tudo é belo, mas há beleza no Triunfo sem arco, no arco da esperança que norteia o vale do Catimbau...
Eu vou contar pra vocês
Como se dança um baião
E quem quiser aprender
Favor prestar atenção:
LUIZ GONZAGA não morreu VIROU ESTRELA NO CÉU...