Então é natal...
E como era de se esperar, a cidade toda está piscando.
Através dos curtos intervalos de lampadas pisca-pisca, ela nos berra no ouvido: é natal, é natal, é natal... Dezembro chegou e todo o peso do fim de ano com ele. Não importa muito se o clima da sua vida pessoal é tão festivo quanto a histeria das crianças, quanto o fervor do comércio ou a irritante beleza de Árvores de natal em Shoppings, e o conseqüente caos que isso provoca. É natal e temos de aturar. A cidade não pára por causa de crises existenciais nas vidas de seres de trinta e quatro anos. Aliás, a cidade não pára por essas crises, nem pela crise dos cinqüenta anos, nem pela crise no congresso, nem pela guerra no mundo. A cidade não está nem aí e pisca sem parar com ecos de buzinas e ‘Jingle Bells’ num calor insuportável.
Então é Natal...
Vai ser legal reunir a família, já que só mesmo nesta data conseguimos isso, e comer guloseimas com cerveja até entupir. Vai ser interessante abrir presentes possivelmente horrorosos com um sorriso de ‘obrigada, adorei!’. Vai ser bom assistir o especial de Natal da Xuxa e vai ser ótimo quando tudo acabar. A implicante cidade vai então sossegar e nos deixar em paz, sem exigir que brilhemos como as guirlandas e luzes espalhadas por aí.
E vai-se o Natal.
Recomeçaremos tudo de novo, retomaremos ao trabalho, desejaremos que sexta-feira chegue logo. Enquanto isso, a cidade (que não se cansa nunca) começará um outro mecanismo de irritação para nós, pobres mortais. Sem nem nos deixar descansar, se iniciará mais uma época de pressão, exigindo paz, amor e harmonia, num cenário que nem mais cabe nada disso. Época em que a única saída será nos rendermos ao insuportável barulho de fogos, abraços murchos e nada sinceros, desejos de " tudo de bom", enchendo a cara de champagne. Mas sobre isso, falamos depois.
Por enquanto, Feliz Natal.