Por enquanto! Apenas por enquanto!
Agora, nas improváveis ocasiões em que te veja acompanhada em qualquer lugar, de forma discreta te saudarei, todavia, se tiveres oportunidade e observares bem, meu olhar te dirá muito.
Em uma ocasião ainda mais improvável, caso estejas sem companhia, nem que por alguns momentos, terei a oportunidade de confessar-te quanta falta estais me fazendo e como a beleza não se distancia de teus contornos e expressões. Suspeito, contudo, que apenas me perguntarás como estou. Você não é detalhista!
Esse é só um dos castigos por nosso amor ter renascido aprisionado; escravizado pelas circunstâncias, escondido entre a multidão dos que esperam ou em quartos que não são nossos, nos bancos de um velho carro ou nos assentos de algum cinema ou lanchonete.
Nossos momentos de núpcias não foram antecedidos por nenhum consórcio matrimonial. Apenas Deus é testemunha do que sentimos um pelo outro, bem como das verdades que nossos lábios proferiram em nossos vários momentos. As famílias nem imaginam que faço parte da tua vida e nesse constante ocultar vamos nos amando.
Quando conversamos em nossa troca de telefonemas, por revolta minha, pela qual peço perdão, as vezes meu tom de voz é ríspido contigo. Porém, tua voz logo me trás paz e me acalma.
E assim por enquanto, vivemos nossa cumplicidade: mensagens anônimas, frases codificadas, detalhes implícitos, fotografias trocadas, segredos, confidências, distantes toques… Senhas, permuta de carinhos às escondidas. Nossos planos futuros só compartilhados entre nós.
Sem laços, cordas ou correntes; sem (nossas) alianças douradas anelares… Mesmo assim estamos presos um ao outro. Temos que ser servos do acaso e infratores da lei para enamorarmo-nos, mesmo assim já somos um – Eu e Você. Os outros não passam de outros, até que passem a ser passado e nosso futuro comum enfim seja presente.