Tantas mulheres habitam em mim que não sei exatamente quem sou.
Tem a Tímida que conheço desde meu primeiro dia de aula, aos sete anos de idade. Ela surgiu no primeiro grito da professora. Depois disso ela tomava conta de mim nos piores momentos e só atrapalhava. Mas com o tempo aprendi a escondê-la. Tranco-a e ela só sai por descuido meu.
Tem a Menina que vive solta e aparece quando bem entende e não tenho controle. Ah, quando estou tranquila e em paz ela reina alegre e faz piadas  e transforma tudo e todos em torno dela. O pior é que ela aparece no tom de minha voz confundindo quem não me conhece se estou ao telefone.
Quando o destino me põe à prova, para minha surpresa surge uma mulher totalmente desconhecida e toma conta da situação. É a Guerreira. Fico ali assustada no fundo do meu ser torcendo pra dar tudo certo.
A Brincalhona surge algumas vezes e se confunde com a Menina. Ela costumava surgir com frequência quando eu dava aulas para os pequeninos. Eles me escolhiam pra professora dizendo para os pais. "Eu quero aquela prof que brinca!". Mas a Brincalhona se alternava com a Profissional.
A Profissional é para mim a mais surpreendente porque a desconheço. É como se sofresse uma transformação. Como se vestisse uma fantasia e... ...Taram! Aparece eu: Decidida e competente!
A Poeta surge nos momentos silenciosos, de solidão e não escolhe lugar nem hora. É observadora, sensível e tem a mente povoada de idéias, questionamentos, alguns sem respostas, outros com respostas que mudam a todo momento.
A Mãe se apresenta até quando não é solicitada! E muitas vezes precisa da ajuda de todas as outras com excessão da Tímida. Ela não combina com Mãe!
Nas horas que sobram aparece a Amante. Carinhosa e apaixonada.

Eu sou todas elas e tenha a certeza: Tem outras desconhecidas habitando em mim!