PROGRESSO NA VIDA

Antonio era vendedor de sapatos em uma loja na Avenida Amazonas. Sujeito franzino e muito calmo. De tão calmo era conhecido como “pacato” nas peladas do Bairro Padre Eustáquio.

- Contávamos, que de tão calmo, virou ministro da eucaristia da igreja.

Diziam que ele nunca se irritara. Bastava dar uma passadinha pelo bairro para ver o Antonio brincando com os seus quatro filhos pequenos.

- Antes de trabalhar, deixo eles com a minha sogra! Falava Antonio.

Na loja era conhecido pela calma e paciência no trato com os clientes. Gente boa, um amigo ideal. Nunca se irritara nem com uma mosca.

Num certo dia, depois de atender uma cliente, irritou-se. Desceu todo o estoque de sapatos.

- Olhem que vendedor não se irrita com a cliente. Tem muita paciência!

A irritação foi porque a cliente tinha um dedo maior que os demais. O que a impedia de usar o número 36 e o número 37. Assim, deveria ser um número intermediário. O problema é encontrar esse número.

- Este não serve, meu dedo fica doendo. Ai! Aperta muito! Falou a cliente

- E este! Falou Antonio.

- Este também não, fica pequeno, sobra muito espaço para os outros dedos. Falou a cliente.

Antonio tomou uma medida mais enérgica. Com as mãos tomou os pés da senhora. Segurou o grande dedo, tateou-o com as mãos. Analisou ele como se fosse um pedaço de uma coxa de frango. De repente sem a cliente esperar, meteu o dedão na boca, e numa forte mordida tentou arrancar-lhe. Foi um delírio total na loja. A cliente gritava e chorava muito. O gerente desesperado queria que o "cachorro" Antonio soltasse o dedo.

- Que nada! Antonio mordia-o com se fosse um pedaço de frango.

Saiu em todos os jornais da cidade a mordida no dedão. Moral da estória, Antonio foi despedido por justa causa. Começou a beber e a freqüentar péssimos botequins. A sua mulher, Helvécia, o deixara e voltara para o interior com filhos menores.

A redenção de Antonio foi ter entrado para uma igreja evangélica. Um colega lhe arrumou um novo emprego. Desde então se dedicava as unicamente as vendas. Havia largado os vícios. E ainda estava sendo cogitado para ser gerente da loja. Isso que é progresso na vida.

Osório Antonio da Cunha
Enviado por Osório Antonio da Cunha em 06/01/2007
Reeditado em 15/05/2007
Código do texto: T338494
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