SANGUESSUGAS DO PLANALTO

Senhor Augusto era viúvo, forte igual a uma rocha. Tinha muitos filhos mundo afora. Contou - me que moravam em várias cidades espalhadas por esse Brasil. Agora, aos 74 anos, depois de mais 50 anos dedicados à boemia, queixava de problemas de ereção.

-Uai ! Também com a minha idade, não é pra menos! Falava Augusto.

-Augusto, os homens mais velhos são iguais aos deputados do PMDB, nunca perdem a pose. Falava um colega da Praça Sete.

Augusto experimentara de tudo nessa vida. De paçoca a catuaba, de comprimido azul a verde, de receita de médico e de camelo no shopping Oiapoque. Estava igualzinho político trocando de legenda. Nada resolvia, às vezes agravava a situação.

Como de costume, Sr. Augusto recebia sua gorda aposentaria do INSS na Caixa Econômica Federal.

- Na verdade, gorda só a dívida da Previdência, dizia sr Augusto.

Na saída da Caixa Econômica Federal localizada no centro de BH, sempre havia o vendedor de ervas e pomadas. Prometia solução para todos os males da vida.

- Menos pra político corrupto!

Depois de receber o seu provento, saiu da agência disposto a escutar o tal vendedor. Afinal, com dinheiro se compra tudo.

- Meu Senhor! Temos ervas e pomadas para todo o tipo de mal. Falou o vendedor.

- Existe alguma coisa para problemas de ereção? Perguntou Augusto.

- Sim! Famosa pomada feita da gordura do peixe - boi da Amazônia!

- É boa? Como se usa?

- Basta usar com moderação. Deve-se, aplicar no “problema”, um pouco antes da relação.

- E só? Perguntou Augusto.

- Claro que não, meu senhor! Deve-se fazer movimentos de fricção com as duas mãos. Quando estiver bem quente, aparece o resultado!

- Ah! Tome cuidado com as unhas!

- E funciona?

- Meu Senhor, o calor aumenta a circulação e a irrigação de sangue nos corpos cavernosos.

Levou para casa a tal pomada. Todo feliz e confiante, não queria nem saber, o que eram corpos cavernosos, e muito menos “sanguessugas do planalto”. Fizera o “teste” com uma mulher chamada Zuleika.

- Funcionou Augusto? Perguntou um colega na Praça Sete.

- Que nada! Só fizera sujeira e nada! Só esquentou o “problema”.

Passado um tempo depois, Augusto nem lembrara da pomada. Afinal não tinha resolvido o seu problema de ereção. De repente, encontrou o colega novamente, na mesma Praça Sete.

- E a pomada? Deu cabo dela Augusto?

-Não!

-O que fez com ela?

-Estava sentido uma dor nas pernas. Era reumatismo. Passei a pomada e sarou rapidinho!

Osório Antonio da Cunha
Enviado por Osório Antonio da Cunha em 06/01/2007
Reeditado em 12/05/2007
Código do texto: T338480
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