Receita para criar um marginal
O texto é conhecido. Vez por outra, com pequenas variantes, aparece numa ou noutra publicação. Não há registro do nome do autor. Encontrei-o, última vez, há alguns anos, num jornal católico publicado em Fátima, Portugal. Fiz algumas adaptações, em vista da diferença no modo de falar de Portugal e Brasil.
É oportuno refletir sobre ele nesta época em que se volta a falar de limites, que pai e mãe “bananas” não sabem impor aos filhos. Pais para quem o filhinho querido não tem defeito. É um verdadeiro anjo, que caiu do céu por descuido.
São dez atitudes dos pais que, quase com certeza, farão do seu filho um delinquente:
Comece, desde a infância, a dar à criança tudo o que ela pedir. Assim, ela crescerá convencida de que o mundo inteiro lhe pertence e de que os outros só existem para fazer-lhe as vontades.
Quando ela começar a dizer palavrões, mostre admiração, faça elogios ou, simplesmente, ria. Isso fará com que ela se considere muita engraçadinha.
Nunca lhe dê ensinamentos espirituais. Menos ainda, exemplos de prática religiosa, que acabariam cerceando sua liberdade. Deixe-a crescer. Quando tiver vinte e um anos, ela que decida por si mesma.
Recolha tudo o que ela deixa pelo chão: material escolar, roupas, calçados, brinquedos. Não lhe permita fazer esforço, para que se acostume a encarar os outros como seus empregados. Com isso, ela criará o costume de transferir aos outros a culpa de tudo o que está fora do lugar.
Brigue com seu cônjuge sempre na frente dela. A criança precisa encarar a vida como a vida é. Assim, não sofrerá demais no dia em que os pais se separarem.
Dê-lhe todo o dinheiro que exigir, sem perguntar como será gasto. Nunca lhe permita que seja ela a ganhá-lo. Por que fazer a pobrezinha passar pelas dificuldades que você enfrentou na sua infância?
Satisfaça a todos os seus caprichos sobre comida, bebida, roupa, luxo, diversão e prazeres. A psicologia ensina que a privação poderia causar-lhe traumas perigosos, não é?
Dê-lhe sempre total apoio em qualquer discussão que ela tiver. Seja com vizinhos, com colegas, fornecedores, professores, polícia... Imagine se o seu filho iria cometer algum deslize! Os outros é que têm raiva ou inveja do coitadinho.
Quando for obrigado a admitir que ele está numa enrascada, desculpe-se com a frase: “Eu sempre fiz tudo por ele, mas nunca pude com esse menino”. Ou repita, com ar dramático, a surrada pergunta: “Onde foi que eu errei?”
Prepare-se para uma vida de amargura e remorso, pois o mais provável é que a culpa tenha sido toda sua.
É claro que dói ler coisas desse tipo. Mas nada dói tanto quanto a verdade.