EU JOGUEI PEDRA NA CRUZ?
Não bastasse a qualidade do transporte coletivo em nosso país ser uma negação, os usuários tratam de tornar a viagem um tormento maior do que já costuma ser. A má educação e o desrespeito com que as pessoas agem umas com as outras é espantosamente normal. E se você ousar reclamar de alguma estupidez presenciada pode acabar escutando um gracejo na hora do desembarque: “Ta achando ruim? Pega um táxi meu querido”.
A espera por um ônibus tiraria a paciência até do Dalai Lama. E o pior é quando o ponto não tem aquele abrigo e o cidadão fica a mercê do tempo: Ora torrando embaixo de um sol saariano, ora levando chuva, sendo regado quem nem lavoura. De repente você avista o “buzão” que tem o seu destino estampado na frente. No momento exato de subir, é muita gente pra pouca porta. “Ou vai ou racha”, esse é o lema de todo usuário. E por falar em rachar...
Dá vontade de quebrar a cara do sujeito que incomoda a viajem inteirinha com a sua preferência musical, digamos: ruim pra caramba! O celular já é coisa do passado. Agora os manos andam com um caixa portátil com entrada USB e soltam o som que parece ter vindo do “quinto dos infernos” pra atormentar quem não é simpatizante de brega, pagode ou funk. Agora me diz: O que eu fiz pra merecer isso? Eu joguei pedra na cruz?
Nem se tivesse jogado! Por que é que uma coisa tão simples como o ato de usar o coletivo se torna uma odisséia tenebrosa? É simples demais. É óbvio. Ta na cara: O brasileiro desconhece o significado da palavra cidadania. A falta de infra-estrutura e nossos serviços precários são atenuados com a falta de educação da nossa população. Podem aumentar a frota, o número de linhas, duplicar as vias públicas e o escambau,se o povo não recebe uma educação-cidadã a coisa continuará caótica, e quem a tanto espera o progresso vai ficar mais um tempinho esperando no ponto. E nem adianta pegar um táxi.