No hospital
O médico, de óculos redondos e cabelos penteados para trás com gel, além de seu jaleco branco, carregava uma prancheta com o histórico do paciente. Entrou no quarto e dirigiu-se à enfermeira, que monitorava os aparelhos:
_Batimentos cardíacos?
_Instabilizados entre 70 e 150 por minuto
_Pressão sanguínea?
_Perigosamente altíssima
_Quais os outros sintomas?
_Loucura plena, perda de todos os sentidos e uma febre acima de 40º C.
_Há quanto tempo o paciente encontra-se assim?
_Ah, doutor, desde a última vez que escreveu algo em seu caderno. Logo após entrou em coma.
_Escreveu sobre algo indesejado?
_Pelo contrário, uma coisa cheia de palavras estranhas. Ele sempre ficou assim, desde que conheceu as rimas.
_Não entendo, pesquisarei mais sobre isso
_Como não, doutor? - a enfermeira estava esboçando um sorrisinho - O paciente sofre de poesia, um caso de poesia aguda crônica.