Parâmetro de Crescimento

Sempre fui vista como caçula, como de fato sou.

Minha única irmã é 11 anos mais velha do que eu, por parte de mãe fui caçula até os 6, quando minha avó faleceu, mas oficialmente fui caçula até os meus 8 anos, por parte de pai sou caçula até hoje, e sempre serei.

Mas o que verdadeiramente me incomodava era ser tratada como caçula. Todo mundo vinha me apertava, beijava, bajulava, sim hoje vejo como isso é bom maravilhoso, mas quando se quer “ser grande”, isso não é nada bom.

Desde que nasci me acho adulta, mas na adolescência me achava não só adulta, mas uma mulher, não uma menina. Já tinha tido meu primeiro namorado, por isso me achava dona do próprio nariz, até cheguei a trabalhar, com minha mãe, mas trabalhei. Com isso meu ego de crescida, cresceu ainda mais.

Aos 14 anos consegui fazer com que minha irmã parasse de me apertar como se eu fosse um bebê e parasse de me chamar de “titi” carinhoso apelido que me colocou. Conseguir isso foi mais que uma vitória, foi uma triste distância, nos tornamos mais distantes uma da outra. Onze anos de diferença é muita coisa principalmente por ela ter ido estudar fora quando tinha 19 anos e eu ainda tinha 8 anos. Nós víamos sempre em férias, feriados, que ela sempre ia pra casa, mas o que nos aproximava mais nossa comunicação era sua forma super afetiva de vir falar comigo e isso não existia mais.

Quando ela voltou de vez eu já tinha 15 pra 16 anos, e como típica adolescente revoltada, essa minha arrogância de querer ser tratada como adulta fez com que atrapalhasse essa relação. Nossa relação além da forma afetiva era de implicâncias, de arrumação de quarto (que são até hoje, pois sempre vamos à casa dos nossos pais), e por termos o mesmo gosto musical.

Eu que já saia pra festinhas desde meus 13 anos, conseguia fazer com que ela carregasse uma “pirralha” de 14,15 anos pra festivais de músicas. Obvio que isso não era muito a praia dela, mas na maioria das vezes conseguia e ela me levava. Era ótimo porque além de estar vendo o show da minha banda favorita, chegava no colégio “tirando a maior onda” que tinha ido a tal festival. Mas era ruim porque ficava sobre as rédeas e regras dela. Então se algum garoto chegasse em mim , ou se eu encontrasse com alguns amigos e amigas e quisesse andar com eles pelo festival, não podia. Como irmã mais velha com a sabedoria de quem viveu mais, minha irmã ficava na cola.

Esse seu espírito protetor me aborreceu muitas vezes.

Hoje aos meus 24 anos e ela aos seus 35, vejo que finalmente me vê como uma mulher, amiga irmã. Ainda com esse espírito protetor muito latente querendo me proteger do mundo.

Mas hoje não ligo a entendo, pois vi que penso e ajo da mesma forma com meus primos mais novos.

Hoje quase não tem mais brigas, nem implicâncias, mas conselhos que damos uma pra outra. Às vezes disputamos o amor de nossos pais, achando que ainda, uma de nos eles amam mais. Eu acho que é ela, ela acha que sou eu. Eles dizem que amam as duas da mesma forma.

Mas isso pouco importa, as nossas conversas ainda são curtas, mas nos nossos longos silêncios existe uma afetividade e uma cumplicidade única que só a gente entende.

A minha amada (e chata rs) irmã Mônica Patrícia

Barbara Marques
Enviado por Barbara Marques em 11/12/2011
Reeditado em 11/12/2011
Código do texto: T3382611
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