FERNANDO PESSOA
"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso".
No dia 30/11/1935, há exatamente 76 anos, morria Fernando Pessoa, um dos maiores poetas e escritores da língua portuguesa. Poeta, artista múltiplo, expressou em sua obra as angústias e contradições do homem moderno. Sua vida discreta se estendeu à literatura, onde se desdobrou em várias personalidades, fazendo dele uma figura enigmática. Usou vários heterônimos, entre os quais se destacam três: Alberto Caeiro, o mais objetivo de todos, é o antípoda de Fernando Pessoa, é a negação do mistério, do oculto; Ricardo Reis é a vertente clássica de Pessoa, com uma linguagem contida, disciplinada; Álvaro de Campos é o lado moderno caracterizado por uma linguagem irreverente. Fernando Pessoa, como poeta, era várias pessoas. Será que o fato de se chamar Pessoa teve influência nisso? Quem sabe...
"Se depois de eu morrer,
quiserem escrever a minha biografia,
não há nada mais simples.
Tem só duas datas
- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus".
Os poemas e artigos de Fernando Pessoa estão presentes em várias músicas de compositores brasileiros. Caetano Veloso na canção “Língua”, tem um trecho que diz: "A língua é minha Pátria / E eu não tenho Pátria: tenho mátria / Eu quero frátria". Tom Jobim transformou o poema "O Tejo é mais Belo" em música. Vitor Ramil, na música “Noite de São João” tem como letra a poesia de Alberto Caeiro. O grupo Secos e Molhados musicalizou a poesia “Não, não digas nada”.
*** Um pouco atrasada, mas sempre é tempo de homenagear esse magnífico poeta.