Que barulho é esse?

Cruzes! Que barulho ensurdecedor faz uma campainha em uma hora imprópria, não é mesmo?

A insistência do dedo ao apertá-la mostrava certa ansiedade. Vez ou outra, o silêncio se quebrava com o barulho.

“Trrrrrriiiiiiiiiiiiiiiiiim”

“Praga! Quem poderia estar tocando a campainha? Não posso nem tirar uma soneca. Não vou atender. Deve ser pedição?!”

O sol vibrava seus raios quentes em plena tarde de verão.

“Trrrrrriiiiiiiiiiiiiiiiiim”

“Oxalá! Além de tudo é inconveniente. Vou atender esse cretino. Ele não perde por esperar!”

Romilda desce as escadas do sobrado batendo os pés. Abre a janela da sala e grita:

“ Ôôôô, inconveniente! Está é hora de pedir esmolas. Bem na hora do meu descanso. Vá procurar a sua turma e me esquece!

“Minha senhora, desculpa eu acordá-la, me desculpa, minha senhora, eu não estou esmolando.”

“Fala logo. Desembucha... o que o senhor deseja?

“Desculpa, minha senhora, eu queria somente lhe informar, o vidro do seu carro está aberto e a senhora deixou a bolsa e a chave no contato. Fiquei aqui, guardando o carro, pois a insegurança está grande, não é mesmo?”

A mulher engasgou com a própria saliva. Envergonhada, desculpou-se, e agradeceu o senhor voltando a se desculpar.