GALINHA PRETA BOTA OVO BRANCO
Agora vou prosear. Vou contar um causo efetivamente acontecida lá nas bandas de Camboriú Velho (pequena cidade ao lado de Balneário Camboriú – a Rainha do Litoral Brasileiro). Desculpem a falsa modéstia de um Catarina barriga verde - e coração verde e amarelo.
Pois que aconteceu de fato.
O seu Padre rezando a missa, ainda bem daquele jeito tradicionalista. Toda a liturgia seguida e rezada. Inclusive o sermão domingueiro. E se empenhou mais que normalmente. Buscou inspiração e fervor no fundo da alma cristã e nas memórias dos ensinamentos ainda dos tempos de seminário.
Mesmo assim, não conseguia atrair a atenção de um senhor afro descendente (não sou bobo) sentado na primeira fila da igreja. Tal senhor, afro descendente ainda puríssimo, na cor e nos hábitos, ficava todo o tempo resmungando um palavrão, alheio ao ambiente, ao sermão e a própria presença respeitosa do Padre, que naquele tempo e naquela pequena cidade, mandava mais que o delegado e o prefeito, juntos.
Terminada a missa, o Padre pediu que o tal senhor esperasse, que precisavam conversar.
E ele esperou. O padre aguardou a igreja ficar vazia. Sentou ao lado do senhor e começou o sermão individualizado, dirigido e inicialmente um tanto ameaçador.
- Seu Quincas, que é isso? – começou a ralhar.
- Isso o que, seu Padre? Que eu fiz – Retrucou o humilde senhor afro descedente, meio que se espremendo no banco.
- Eu ouvi, todo o tempo, que você exclamava um palavrão feio, seu Quinca.
- Mas eu não falei nada seu Padre. Não falei nada! – Defendeu-se – Tava todo o tempo escutando o senhor – Alegou humilde.
- Tá bom – admitiu o Padre – Não falou, mas balbuciou todo o tempo.
- Eu li seus lábios, sabia? Durante toda a missa o senhor ficou mencionando aquele palavrão feio.
- Que palavrão seu padre? Que palavrão?
O padre olhou ao redor, correu os olhos por toda a igreja, para ver se não tinha mais ninguém e exclamou forte:
- É FODA. É FODA. É FODA. Você ficou todo o tempo dizendo É FODA, É FODA, É FODA!!!!!
Então o Quincas se encolheu mais ainda no banco e admitiu.
– Tá certo seu Padre. Tá certo. Me descurpa. Não vai mais si repiti. Credita em mim. Não vai mais acontecer. Não vou fazer mais esse pecado na igreja. Juro que não vou. Me perdoa seu Padre. Pode dar a penitência. Pago agora mesmo. Pode dá.
- Tá bom. Eu acredito no senhor.
- Não vou lhe dar nenhuma penitência.
- Mas o senhor tem que me contar o que se passa contigo, meu filho. O que está afligindo tanto esse seu coração?
- Veja, seu Padre.
- Eu sou assim preto, com o senhor vê, certo?
- O senhor conhece a minha nega, não conhece? – O Padre assentou positivamente.
- Ela é tão preta quinem eu, não é?
- O senhor conhece os meus bacuris, não conhece?
- E daí meu filho? Ser preto não é problema. Você sabe, aconselhou o Padre
- Claro que sei. Claro que sei – Retrucou o Quincas.
- Mas veja seu Padre!
- Como o senhor pode me expricá!!
- Sou negão, a Margarida também é nega. Minha familha toda tinta assim.
- Tá, seu Quinca. E o que tem isso haver com você todo o tempo falando palavrão aqui na igreja, na casa do senhor?
- Pois então, seu Padre. Pois então – E lágrimas começavam a escorrer no rosto do Quincas.
- Ontem minha nega pariu mais um bacuri.
- E o danado é branquinho. Branquinho seu Padre.
- O que o senhor me diz disso?
Ao padre, resignado e pego de surpresa, não restou outra resposta, que não fosse:
- É FODA, meu filho, é FODA!!!!!!!!!!!!
Mas logo depois, já recuperado do sobressalto, recorreu aos ensinamento e sentenciou:
- Mas seu Quinhas. Deus sabe o que faz. Deus sabe o que faz.
- Ou o senhor nunca viu galinha preta, botar ovo branco?????
Agora vou prosear. Vou contar um causo efetivamente acontecida lá nas bandas de Camboriú Velho (pequena cidade ao lado de Balneário Camboriú – a Rainha do Litoral Brasileiro). Desculpem a falsa modéstia de um Catarina barriga verde - e coração verde e amarelo.
Pois que aconteceu de fato.
O seu Padre rezando a missa, ainda bem daquele jeito tradicionalista. Toda a liturgia seguida e rezada. Inclusive o sermão domingueiro. E se empenhou mais que normalmente. Buscou inspiração e fervor no fundo da alma cristã e nas memórias dos ensinamentos ainda dos tempos de seminário.
Mesmo assim, não conseguia atrair a atenção de um senhor afro descendente (não sou bobo) sentado na primeira fila da igreja. Tal senhor, afro descendente ainda puríssimo, na cor e nos hábitos, ficava todo o tempo resmungando um palavrão, alheio ao ambiente, ao sermão e a própria presença respeitosa do Padre, que naquele tempo e naquela pequena cidade, mandava mais que o delegado e o prefeito, juntos.
Terminada a missa, o Padre pediu que o tal senhor esperasse, que precisavam conversar.
E ele esperou. O padre aguardou a igreja ficar vazia. Sentou ao lado do senhor e começou o sermão individualizado, dirigido e inicialmente um tanto ameaçador.
- Seu Quincas, que é isso? – começou a ralhar.
- Isso o que, seu Padre? Que eu fiz – Retrucou o humilde senhor afro descedente, meio que se espremendo no banco.
- Eu ouvi, todo o tempo, que você exclamava um palavrão feio, seu Quinca.
- Mas eu não falei nada seu Padre. Não falei nada! – Defendeu-se – Tava todo o tempo escutando o senhor – Alegou humilde.
- Tá bom – admitiu o Padre – Não falou, mas balbuciou todo o tempo.
- Eu li seus lábios, sabia? Durante toda a missa o senhor ficou mencionando aquele palavrão feio.
- Que palavrão seu padre? Que palavrão?
O padre olhou ao redor, correu os olhos por toda a igreja, para ver se não tinha mais ninguém e exclamou forte:
- É FODA. É FODA. É FODA. Você ficou todo o tempo dizendo É FODA, É FODA, É FODA!!!!!
Então o Quincas se encolheu mais ainda no banco e admitiu.
– Tá certo seu Padre. Tá certo. Me descurpa. Não vai mais si repiti. Credita em mim. Não vai mais acontecer. Não vou fazer mais esse pecado na igreja. Juro que não vou. Me perdoa seu Padre. Pode dar a penitência. Pago agora mesmo. Pode dá.
- Tá bom. Eu acredito no senhor.
- Não vou lhe dar nenhuma penitência.
- Mas o senhor tem que me contar o que se passa contigo, meu filho. O que está afligindo tanto esse seu coração?
- Veja, seu Padre.
- Eu sou assim preto, com o senhor vê, certo?
- O senhor conhece a minha nega, não conhece? – O Padre assentou positivamente.
- Ela é tão preta quinem eu, não é?
- O senhor conhece os meus bacuris, não conhece?
- E daí meu filho? Ser preto não é problema. Você sabe, aconselhou o Padre
- Claro que sei. Claro que sei – Retrucou o Quincas.
- Mas veja seu Padre!
- Como o senhor pode me expricá!!
- Sou negão, a Margarida também é nega. Minha familha toda tinta assim.
- Tá, seu Quinca. E o que tem isso haver com você todo o tempo falando palavrão aqui na igreja, na casa do senhor?
- Pois então, seu Padre. Pois então – E lágrimas começavam a escorrer no rosto do Quincas.
- Ontem minha nega pariu mais um bacuri.
- E o danado é branquinho. Branquinho seu Padre.
- O que o senhor me diz disso?
Ao padre, resignado e pego de surpresa, não restou outra resposta, que não fosse:
- É FODA, meu filho, é FODA!!!!!!!!!!!!
Mas logo depois, já recuperado do sobressalto, recorreu aos ensinamento e sentenciou:
- Mas seu Quinhas. Deus sabe o que faz. Deus sabe o que faz.
- Ou o senhor nunca viu galinha preta, botar ovo branco?????