Um Canário
Certo dia um canário apareceu, no quintal de casa.
Encontrei-o escondido, num cômodo. Assustado, machucado.
Jogaram-no por sobre um muro alto. Uns três metros de altura.
Tinha sangue próximo ao bico e uma pata defeituosa.
Deixei-o livre para que voasse. Nunca gostei de pássaros em gaiolas. Não voou.
Andava pelos cantos das paredes, escondendo-se.
Fui orientado, a colocá-lo em uma gaiola, ou poderia ser morto: Um rato, ou gato, ou outro animal.
Muito a contra gosto. Comprei uma gaiola, muito feia, não existe gaiola bonita, nem de ouro.
Era doente. Não cantava, só sofria.
Procurei dar a ele o que foi possível, alimentação, água, gaiola limpa. Só não podia dar-lhe a liberdade. Ele não sabia voar, tiraram-lhe esta habilidade.
Queria-o livre, mas humanos através de aprisionamento tolheram da espécie a capacidade de sobrevivência na natureza.
A cada dia sua saúde se deteriorava.
Nesta noite tive um sonho.
Ele saiu da gaiola, voou até onde eu estava. Pousou na minha mão. Era todo colorido, parecia um beija-flor. Depois voou para longe, desapareceu, ganhou a liberdade.
Hoje pela manhã, estava morto, em sua, feia e horrível prisão, gaiola.
Cumpriu sua missão.
Voe agora com os anjos. Voe muito e quando estiver cansado, repouse no ombro de Deus que o ama e o deixa livre, para voar e enfeitar os céus. Deus se encanta com sua liberdade.
Irmãozinho... Perdão, perdão.