POBREZA DE ESPÍRITO
“O Brasil progride à noite, enquanto os políticos estão dormindo”
Elias Murad
“Noventa por cento dos políticos
dão aos 10% restantes uma péssima reputação”
Henry Kissinger
Eu ainda continuo muito temeroso pela ignorância popular em relação à política. Me deprime ver jovens universitários (e da melhor universidade do Brasil) se rebelarem contra à polícia e o Estado, para, em tese, poderem fumar maconha em paz dentro da própria universidade, concordando com o tráfico e a violência (nada contra quem fuma, pois sou até a favor da legalização da maconha), enquanto mundo a fora, os cidadãos de outros países se rebelam por melhores condições de vida e de direitos.
Em contrapartida, aqueles estudantes pouco se importam com os atos da nossa presidenta ou para os projetos de lei e fiscalização do poder executivo por parte do legislativo. Bem como, enxergam um judiciário atrasado e preguiçoso, e mesmo assim, dão risada nas esquinas cortejando a fajuta autoridade dos juízes, que pensam que podem fazer o que bem entendem julgando da forma que querem, trabalhando a hora que bem quiserem. É um lamento, mas é uma verdade.
Ando com muita pena dessa nova geração da juventude alienada pela tecnologia, falta de busca pela verdade real das informações e ganância por bons empregos de mão beijada. É estarrecedor e doentio. Já que é assim, queria deixar claro o esclarecimento dado por Hannah Arendt: “o que faz do homem um ser político é sua faculdade para a ação”.
Isso mesmo, pois se tratando de política, permanecer de braços cruzados é ver a miséria entrar em sua casa e na casa de seu vizinho, enquanto a riqueza e o luxo ficam estatizados na casa de quem ta no poder para representar nossos interesses.
Resta claro, quanto mais murcho e calado o povo fica, mais concorda com o sofrimento do espaçamento político no seu SER. E esse sofrimento pode até não ser aparente, uma vez que não dói nos “couros”, mas olhe pro seu passado, perceba como vives e tente olhar suas expectativas de vida... Agora perceba quantos direitos já não lhe foram roubados; de quantos direitos você desfruta e de quantos direitos você pode desfrutar para alcançar seus sonhos... Perceba! E nem adianta lamentar. A culpa é nossa, pois não somos tão capazes de lutar quando os políticos agridem nosso SER, nos roubando o direito de ser o que temos o direito de SER, da mesma forma que somos capazes de brigar quando levamos um soco na cara. Se bem que um soco na cara dói muito menos que o espaçamento em nossas almas!
Dizia Eça de Queiroz: “Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, e pelo mesmo motivo”
Tenho pena porque é muita notícia pronta e mal acabada se fantasiando de VERDADE... De modo que a mídia não expõe a informação nos dando à base para a reflexão; ela, na verdade, vem querendo impor posicionamentos gerais e exauríveis conforme as inclinações de quem apóia ou não apóia políticamente. É um pesar ver que as revoluções industriais e tecnológicas se apropriaram da notícia, reprimindo e roubando assim, o direito de pensar do povo. É como se a ignorância e a apatia fossem o único caminho. Pô, isso também é violência!
Eduardo Bittar com acerto disse: “quando a política se degenera, torna-se contrária à natureza, e passa a ser vista como uma forma de realização do egoísmo dos governantes, ou como meio de prevalecer do que é público, ou instrumento para o enriquecimento pessoal”. Da mesma forma, o Bittar trás Cornelius Castoriadis dizendo a Daniel Marmet em 1996: “os políticos são impotentes... Já não têm programa, seu único objetivo é se manter no cargo.
É mentira?
O que a gente não pode, é concordar que política seja uma coisa única dos políticos. Ora, não podemos aceitar a nossa miséria de reflexão cívica.
Atitude já, pois só duas coisas são capazes de expulsar o homem de seu estado de insignificância: uma delas é o afeto; outra é a política!