Pedacinhos de papel
Pedacinhos de papel
A cada fim de ano, me lembro de quando morei no Rio de Janeiro, e no ano de 1994, quando trabalha numa agência de viagens náuticas, bem no centro da cidade, presenciei algo simples, insólito, silencioso e lindo...Despedida feita por pedacinhos de papel.
A tradição manda que a cada último dia útil do ano, as empresas piquem seus rascunhos, documentos descartáveis, revistas, jornais, etc, e coloquem em caixas. No fim do expediente os funcionários jogam aquilo pela janela, e assim caem como lágrimas silenciosas de esperança, despedindo-se do ano que ta no fim, e dando confetes de vivas as ruas pelo ano que se inicia.
Eu vi aquilo, tão simples, mas para cada um, uma chuva de motivos.
E a cada ano cada um sente de uma maneira esse costume. Em cada papelzinho daquele há te ter uma letra que signifique muito do que carregamos naquele ano.
Martha Medeiros citou numa crônica o episódio da neve de isopor causada por uma caixa no chão de Porto Alegre, que conforme carros passavam eles subiam feito neves dos trópicos.
Quisera que esses papéis fossem neves naturais ornamentando dezembro. Mas é muito mais que isto. São sentimentos deixados pra trás e outros prosperando um futuro que há de vir ou não vir...
Como serão nossos pedacinhos de papel em 2011?
Alguns amassados, ouros brilhantes, foscos, preto e branco, coloridos, maltrapilhos ou iluminados, mas que tenhamos muitos para jogar ao vento, e muitos para deixarmos inteiros m nós.
Que saibamos nos recortar a cada ano, pois nem todos os papéis merecem a lixeira, muitos querem um céu nunca se encerra.
Mônica Ribeiro
09/12/12